Yuri Utida, especialista em neurociência comportamental, aborda a importância da repetição para o aprendizado e afirma: “Talento não existe”

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Seja para aprender um idioma, um esporte, adquirir uma habilidade como jogar xadrez, tocar um instrumento, até preparar um prato de comida, é necessário estudar a teoria e ter muita prática, objetivando o resultado final de forma positiva. Diferentemente do que é dito sobre grandes talentos, existe uma teoria das 10 mil horas defendidas por Malcolm Gladwell de que nomes como Mozart, The Beatles, Steve Jobs e Bill Gates não tinham nada de gênios, eles apenas tiveram acesso e contato com o que se destacaram desde cedo.

Como exemplo, The Beatles só se tornaram quem eram, porque repetiram incessantemente inúmeras vezes os mesmos números, os mesmos shows, até se tornarem tão bons, tão engrenados como eles eram. E o mesmo vale para atletas e empresários de destaque em cada um das suas áreas. “O pai de Mozart, por exemplo, era músico, e desde os 3 anos, ele já tinha contato com todos os instrumentos. Suas primeiras sinfonias eram medíocres, e a sua primeira grande sinfonia foi aos 35 anos de idade”, comenta Yuri Utida, especialista em neurociência comportamental.

Em contrapartida, Yuri traz uma linha de estudos que mostra que muitas pessoas são boas justamente por terem outras inúmeras influências e não por terem praticado incessantemente 10 mil horas de alguma coisa. “Por exemplo, grandes tenistas de destaque praticam outros esportes antes e usam dessas outras habilidades físicas, mentais e espaciais para se desenvolverem e se tornarem tenistas excepcionais”, explica.

O mesmo acontece com profissionais que se destacam numa outra área específica, isso ocorre por conseguirem cruzar conhecimentos diversos. “Steve Jobs foi estudar caligrafia, nada a ver com tecnologia ou programação, mas fora da área de atuação que ele teve senso de estética, dando origem a todas as fontes do MAC na qual depois os computadores da Windows puxaram. Então hoje nós temos um milhão de fontes, porque ele foi estudar caligrafia e criou esse senso que impacta todos os computadores e toda a tecnologia de hoje”, exemplifica.

Comparando ambos os casos, é possível notar que as pessoas que se destacam de um jeito ou de outro aplicam a teoria, seja com ação numa direção única ou seja de inúmeras fontes. “Muita gente quer aprender tudo e prosperar numa área, mas ela estuda muito e aplica pouco, isso é o que eu chamo de gordura mental. Assim como a gordura que criamos na nossa barriga e outros lugares, quando a gente não gasta toda energia que consome, muita gente cria uma gordura mental. Claro, isso é no sentido figurado”, expõe.

Não aplicar todo o conhecimento que põe para dentro não dá vazão para o aprendizado e evolução. “O aprendizado, crescimento, prosperidade só acontece quando a gente coloca nossas informações, nosso conhecimento em teste e tenta validar, falhando, corrigindo e aprendendo. Só com teorias e devaneios não existe evolução”, complementa.

Yuri ainda explica que o aprendizado depende muito da repetição, pois através dela se cria um parâmetro sobre estar melhor ou pior do que no dia anterior. “Isso vale para todas as habilidades humanas, como a gente falou, seja para esportes, culinária, tecnologia, inclusive habilidades de relacionamento, profissional, habilidade de empreender, enxergar negócios e ganhar dinheiro. Qualquer coisa que as pessoas busquem, depende de repetição, cruzamento de maior número de fontes de informação possível, finaliza.

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