Tallis Gomes e o medo dos pequenos grandes homens

4 min. leitura

Por Lilian Carvalho, coordenadora do FGV-CEMD (Centro de Estudos em Marketing Digital)

Em um mundo que avança a passos largos em direção à igualdade e à inclusão, é profundamente lamentável que ainda nos deparemos com manifestações que tentam diminuir o valor e a contribuição das mulheres no mercado de trabalho. A recente polêmica envolvendo Tallis Gomes, sócio do G4 Educação, é um triste lembrete de quão arraigadas ainda estão as visões antiquadas e misóginas em alguns segmentos da sociedade.

O post de Gomes no Instagram, onde expressa a crença de que mulheres não deveriam ocupar o posto de CEO, pois isso as tornaria “masculinizadas”, é não apenas um desserviço à luta pela igualdade de gênero, mas também uma demonstração de desrespeito às inúmeras mulheres que lideram empresas e organizações com competência, integridade e resultados, em sua maioria, maiores que dos homens.

Segundo um levantamento do Centro de Marketing Digital da FGV, utilizando o software de social listening da Buzzmonitor, a maior parte da repercussão sobre este comentário ocorreu no Instagram, com predominância de comentários negativos. Este dado é um sinal encorajador de que, apesar das vozes contrárias, a sociedade não está disposta a aceitar passivamente tais retrocessos.

A nota de repúdio da ASSESPRO (Associação de startups e empresas do setor de TIC), que rapidamente se tornou o post com maior repercussão sobre o assunto, é um exemplo eloquente de como a comunidade pode e deve se unir contra declarações que buscam minar os esforços pela igualdade de gênero no ambiente corporativo. A entidade se posicionou firmemente ao lado da justiça e da progressividade, valores que devem nortear nosso comportamento enquanto profissionais e seres humanos.

Como mulher, executiva, pesquisadora e empresária, sinto-me compelida a expressar não apenas minha indignação, mas também minha esperança. É verdade que declarações como a de Gomes revelam a persistência de uma mentalidade misógina e elitista em certos círculos. No entanto, a ampla rejeição a essas ideias mostra que estamos, como sociedade, cada vez mais comprometidos com a igualdade de gênero e com a valorização de todas as pessoas, independentemente de seu sexo.

Por mais doloroso que seja testemunhar tais manifestações de preconceito, é também uma oportunidade para reafirmarmos nossos valores e nossa determinação em construir um mundo mais justo e igualitário. A livre expressão, de fato, permite que conheçamos as diversas facetas do pensamento humano, mas também nos dá a chance de responder, de educar e de transformar.
A luta pela igualdade de gênero no ambiente de trabalho e em todas as esferas da vida é contínua e requer a participação ativa de todos nós. Manifestações como a de Tallis Gomes não devem ser vistas apenas como um retrocesso, mas como um chamado à ação. É nosso dever, enquanto membros da sociedade, não apenas repudiar essas ideias, mas também trabalhar incansavelmente para promover a inclusão, a diversidade e o respeito mútuo.

A estrada à frente ainda é longa, mas juntos, com coragem e convicção, podemos e vamos pavimentar o caminho para um futuro onde tais declarações sejam vistas apenas como vestígios de um passado do qual nos orgulhamos de ter evoluído.

Cadernos
Institucional
Colunistas
andrea ladislau
Saúde Mental
Avatar photo
Exposição de Arte
Avatar photo
A Linguagem dos Afetos
Avatar photo
WorldEd School
Avatar photo
Sensações e Percepções
Marcelo Calone
The Boss of Boss
Avatar photo
Acidente de Trabalho
Marcos Calmon
Psicologia
Avatar photo
Prosa & Verso