Pintando o 7 com palavras: A arte transgressora de Claudio Lobato

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Carioca nascido em 1955, Claudio Lobato é um desses artistas cuja trajetória escapa de qualquer definição simples. Com uma carreira marcada por múltiplas linguagens e experimentações, ele é, ao mesmo tempo, artista visual, cenógrafo, designer gráfico, ilustrador, roteirista e escritor. Mas mais do que títulos, Lobato é um criador que transita com fluidez entre os meios, sempre com um olhar poético e uma disposição transgressora.

Formado na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, integrou nos anos 1970 o coletivo Nuvem Cigana, um grupo artístico-poético de vanguarda que misturava performance, poesia e imagem. Lá, atuou como ilustrador, capista e editor da revista Almanaque Biotônico Vitalidade, e participou das Artimanhas, apresentações performáticas do grupo que deixaram sua marca na cena cultural da época.

Nos anos 1980, sua atuação se expandiu para o mítico Circo Voador, no Rio de Janeiro. Como cenógrafo, cartazista e editor do jornal/programa Expresso Voador, colaborou com nomes como o poeta Chacal e o fotógrafo e artista visual Cafi, ajudando a moldar a identidade visual e poética daquele espaço tão simbólico.

A partir dos anos 1990, levou sua inventividade para a televisão, criando e roteirizando diversos programas para a TV Globo, sempre carregando sua marca de originalidade e sensibilidade estética. Paralelamente, continuou a desenvolver suas obras autorais, expostas em instituições como o Museu da Imagem e Som, o Museu da República e a Casa de Cultura Laura Alvim.

Em 2016, dirigiu o documentário As Incríveis Artimanhas da Nuvem Cigana, um registro afetivo e potente sobre a trajetória do coletivo que marcou uma geração.

Sua produção recente tem explorado o conceito de poesia visual, onde palavras deixam de ser apenas linguagem para se tornarem formas, texturas e cores. “A palavra entra no espaço da tela”, diz Lobato, “e sua forma, textura e cor passam a invocar outras sensações, assim como acontece na relação entre a poesia e a música”. É um convite a ler com os olhos, a sentir com o pensamento.

Essa alquimia entre palavra e imagem encontra ecos na origem etimológica da palavra “nume” — que em latim designa o poder divino e está na raiz de “nome” e “número”. Para Lobato, palavras e números são ferramentas de criação, combinatórias que permitem entender e reinventar o mundo.

O número 7, com sua carga simbólica universal, surge como um elemento recorrente em sua obra. São os sete dias da semana, os sete pecados, as sete maravilhas, as sete vidas do gato. E, claro, a expressão popular “pintar o 7” — que resume bem a postura artística de Claudio Lobato: divertir-se ao extremo, transgredindo as normas e expandindo os limites da criação.

Para acompanhar o trabalho de Claudio Lobato:

Instagram: @claudio_lobat
Site oficial: www.claudiolobato.com

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