O chamado “tarifaço” — aumento das tarifas de importação dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — tem repercutido fortemente nas últimas semanas e gerado debates sobre os impactos para quem busca atuar no mercado americano. O tema vem dando o que falar entre empresários e especialistas, já que pode afetar desde pequenos empreendedores até grandes companhias. Para os irmãos André e Raphael Carvalho, empresários brasileiros com experiência consolidada nos EUA, apesar das barreiras, também existem caminhos para adaptação, inovação e crescimento em meio ao novo cenário.
Segundo eles, o tarifaço obriga os empresários a repensarem estratégias, profissionalizarem a gestão e reduzirem a dependência de um único mercado.
“O tarifaço traz sim desafios, mas também obriga o empresário a profissionalizar sua gestão e diversificar estratégias. A melhor forma de mitigar riscos é criar operações sólidas, adaptadas ao mercado local, e reduzir dependência de um único país ou fornecedor. No nosso caso, entendemos que precisamos sempre estar prontos para nos adaptar e inovar”, afirma André Carvalho.
As tarifas mais altas, na visão dos irmãos, também podem servir como incentivo para que os empreendedores busquem diferenciação.
“Sem dúvida. Barreiras criam oportunidade para diferenciação. Quando chegamos aos EUA, nada foi fácil: não tínhamos rede de contatos, nem estrutura. Mas isso nos obrigou a inovar, criar processos e buscar nichos que outros não estavam vendo. Hoje, diante de qualquer crise, nossa primeira pergunta é: onde está a oportunidade escondida?”, complementa Raphael Carvalho.
Outro ponto ressaltado por eles é a necessidade de resiliência diante de obstáculos, especialmente para quem pensa em empreender fora do Brasil.
“Aprendemos que resiliência é continuar caminhando mesmo quando não se vê resultados imediatos. No começo, trabalhamos em empregos que ninguém queria, mas isso nos deu disciplina e visão. O recado para outros brasileiros é: não desanime com a primeira barreira. Se você continuar insistindo, logo descobre que aquela barreira era só um degrau”, reforça André.
A motivação e a preparação das equipes também são vistas como fundamentais em cenários de incerteza.
“O segredo está em cultura organizacional. Se o propósito está claro, a equipe entende que os desafios externos são apenas parte do jogo. Nós reforçamos constantemente que trabalhamos não apenas por contratos, mas por vidas e legado. Essa visão mantém todos motivados, mesmo em cenários incertos”, explica Raphael.
Mesmo diante de tarifas mais altas, os irmãos acreditam que há setores que continuam apresentando boas oportunidades para empreendedores brasileiros.
“Sim, há muitos setores resilientes, que chamamos de ‘à prova de recessão’. É preciso observar onde há dor que ninguém está resolvendo bem. Quem consegue unir qualidade, custo competitivo e propósito encontra espaço mesmo em tempos de barreiras”, conclui André Carvalho.