Disco do Moto Perpétuo, banda de rock progressiva que revelou Guilherme Arantes, ganha vinil comemorativo pela Três Selos

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Guilherme Arantes, Claudio Lucci e Gerson Tatini celebram os 50 anos do único álbum do grupo com show especial em São Paulo.

O autointitulado disco “Moto Perpétuo”, de 1974, é o lançamento do mês de novembro para assinantes da Três Selos. O álbum é o primeiro e único da banda que marcou o início da carreira de Guilherme Arantes. Além de Arantes (voz, teclados e composições), o grupo reunia Claudio Lucci (violão, violoncelo e guitarra), Diógenes Burani Filho (bateria), Egídio Conde (guitarra) e Gerson Tatini (baixo). Esta edição comemorativa é em vinil preto de 180g disponível na assinatura do selo.

A história do Moto Perpétuo começou em 1973, quando Guilherme Arantes e Diógenes Burani se conheceram tocando em apresentações para Jorge Mautner. Mais tarde, ao entrar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Arantes conheceu o músico Claudio Lucci. Diógenes, que vinha de um projeto com Rita Lee e Lúcia Turnbull, o Cilibrinas do Éden, trouxe para a formação Gerson Tatini e Egídio Conde. Juntos, os cinco músicos deram vida ao Moto Perpétuo, apadrinhados pelo produtor Moracy do Val, responsável pelo sucesso do Secos & Molhados.

No auge do rock progressivo, o Moto Perpétuo se destacava ao incorporar elementos brasileiros ao gênero, influenciados por nomes como Yes, King Crimson e pelo movimento do Clube da Esquina. Seu disco de estreia, lançado pela gravadora Continental, trouxe 11 músicas inéditas, com nove composições assinadas por Guilherme Arantes e duas por Claudio Lucci.

“Aos trancos e barrancos, o repertório ficou pronto […] O ruim é que seriam só 5 dias, de segunda a sexta, num estúdio de 8 canais. Lembro que Gerson foi frontalmente contra, pois as grandes bandas precisavam no mínimo de 24 canais… Seria uma loucura… Brigamos muito, mas eu decidi topar, e a gravação foi uma maratona de gambiarras sem fim”, relembra Guilherme Arantes em seu blog, em texto de 2015.

A faixa de abertura, “Mar e Sol”, é uma ode àqueles tempos de Era de Aquário em que se destaca os agudos da voz de Arantes. “Três e eu”, com quase sete minutos de duração, combina o violão de ares flamenco de Lucci com teclados e guitarras que lembram o Pink Floyd. O repertório conta ainda com faixas como a balada “Duas” e “Verde Vertente”.

“O rigor das guitarras de Egídio, caprichosíssimo, melódico, sensual, as maluquices bizarramente musicais nas linhas de baixo de Gerson, a técnica infernal de Diógenes, (…) os violões impecáveis de Claudio, suas incursões ao violoncelo, fizeram o Moto logo explodir naquele quartinho de ensaios, no Brás, como uma música fulminante, da qual nos orgulharíamos pra sempre, sem uma única restrição, um senão, um retoque. A História nos julgará. Foi uma banda perfeita e ponto final. Fomos uma das melhores bandas de todo o movimento progressivo da época”, escreveu Arantes.

Meses após o lançamento do álbum, em 1975, o Moto Perpétuo se dissolveu. Guilherme Arantes seguiu então para ser um dos maiores compositores da MPB, com uma sucessão de hits em novelas e gravados por estrelas da música brasileira. Em entrevista publicada no site da Warner Music em 2017, declarou:

“Eu vivia dividido, aliás como todo mundo, entre a realidade nua e crua do dia a dia de um país atrasado, e os sonhos mirabolantes de uma moda (o rock progressivo) que vinha de países tecnológicos com uma cultura totalmente diferente do primeiro mundo. Esse choque pra mim já havia nascido resolvido: eu sempre preferi a televisão, o povão, o romantismo, então resolvi mergulhar com tudo quando a chance aconteceu. Passei a compor focado na realidade, virando cantor popular. Mas nunca deixei de gostar do progressivo e o Moto Perpétuo sempre foi e sempre será uma banda excelente, um trabalho belíssimo, que fica para ser avaliado pelas novas gerações”.

Desde sua estreia, o álbum foi relançado em diferentes formatos, incluindo edições em LP e cassete em 1977 e 1989 e em CD em 2002 e 2017. Agora, pela primeira vez em mais de três décadas, “Moto Perpétuo” retorna em uma edição especial em vinil pela Três Selos, que celebra o 50º aniversário do disco em uma nova prensagem.

Para comemorar a reedição, os três integrantes remanescentes do Moto Perpétuo — Guilherme Arantes, Claudio Lucci e Gerson Tatini — se reúnem em 11 de novembro, no Café Piu Piu, em São Paulo, para o show “Moto Perpétuo – 50 anos” com convidados. O local, situado onde antes funcionava o Teatro 13 de Maio, cenário do lançamento original do álbum em 1974, é o palco perfeito para celebrar esse reencontro histórico.

+ Tracklist
1. Mal o Sol (Guilherme Arantes)
2. Conto contigo (Guilherme Arantes)
3. Verde vertente (Guilherme Arantes)
4. Matinal (Guilherme Arantes)
5. Três e eu (Cláudio Lucci)
6. Não reclamo da chuva (Guilherme Arantes)
7. Duas (Guilherme Arantes)
8. Sobe (Guilherme Arantes)
9. Seguir viagem (Cláudio Lucci)
10. Os jardins (Guilherme Arantes)
11. Turba (Guilherme Arantes)

+ Três Selos
O projeto Três Selos reuniu, em 2018, os selos Assustado Discos, EAEO Records e Goma Gringa, com o objetivo de lançar um disco de vinil por mês, no ano de 2019. Criamos a Assinatura Três Selos, um sistema de fidelização que lançou uma coleção de doze títulos no decorrer do ano, mais a Três Selos Paralelo para abraçar projetos especiais.

Mensalmente, os assinantes recebem um grande título da música brasileira em versão de luxo, entre clássicos raros e consagrados até novos títulos. Assim, chegam para os assinantes em versões de vinil de 180g preto, acompanhado de capa de gatefold rígido e material de pesquisa feito por um especialista revelando seu olhar sobre o artista e obra enviada.

Em 2024, a Três Selos apresentou títulos como Bagaceira (Dona Onete, 2024), Dança do Tempo (Maestro Ubirajara Marques, 2023), Por Pouco (Mundo Livre S/A, 2000) e E O Tempo Agora Quer Voar (Alaíde Costa, 2024).

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