Desculpe a Reforma, estamos em Transtorno

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Nunca falamos tanto em saúde mental, como nos últimos anos. A pandemia catalisou um processo que prosperava muito lentamente. Esse se relacionava ao despertar da nossa atenção para a importância de sermos cuidadosos com a nossa integralidade, inclusive no que diz respeito a nossa vida mental. E, dessa forma, a procura por informações que nos auxiliem a fortalecer o psiquismo em nenhuma época pregressa foi tão intensa.

Claramente, o bem-estar subjetivo sempre sofreu com diversos estigmas e, por consequência, inúmeros tabus foram criados. Não era raro que a representação social de alguém que procurasse auxílio psicológico fosse reduzida a estereótipos. Ou que se tentasse, de uma forma bem sintética, aproximar o processo analítico com um bate papo ou um desabafo, semelhante ao que se faz com um amigo.

Por conta disso, muitos são os casos em que as pessoas implodiram. Buscando anestesiar seus pensamentos e sentimentos por um período prolongado, progressivamente, elas foram somatizando sintomas que precisavam ser verdadeiramente ouvidos. Subsequentemente, questões emudecidas ao longo de uma vida ebuliram agressivamente, exigindo ser observadas. E, assim, a psicologia finalmente conseguiu ampliar seu espaço.

Essa, vem sendo uma enorme oportunidade para que se inicie uma transformação. Uma verdadeira revolução pessoal que começa através do autoconhecimento. Esse processo traz consigo a possibilidade de fortalecermos o que julgamos estar adequado. De modificarmos aquilo que ignorávamos, mas que já não faz sentido em nossas histórias. De ajustar o que nos aproxima, a cada vez, daquilo que queremos para nós.

Nesse sentido, nos encontramos agora em mudança. Observando detalhes em nós que durante longos períodos passavam despercebidos. Seguimos atentos, como nunca, aos nossos afetos. Lapidamos comportamentos e ajustamos metas na tentativa de estarmos mais próximos daquilo que genuinamente nos faz mais feliz. E admitimos que estamos transtornados e que essa constatação foi o primeiro passo para essa grande – e essencial – reforma.


Bruna Richter 

Psicóloga graduada pelo IBMR e Bióloga graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui pós-graduação em Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Também é formada em Artes Cênicas pelo SATED do Rio Janeiro, o que a ajudou a desenvolver o Grupo Grão, projeto voluntário que atende pessoas socialmente vulneráveis, onde através de eventos lúdicos, busca-se a livre expressão de sentimentos por meio da arte.

Seus livros infantis “A noite de Nina – Sobre a solidão”, “A música de dentro – Sobre a tristeza” e “A dúvida de Luca – Sobre o medo” fazem parte de uma trilogia que versa sobre sentimentos por vezes vistos como negativos, mas que trazem algo positivo se olharmos para eles mais atentamente. Estes dois últimos inclusive entraram para a lista paradidática de uma tradicional escola montessoriana na cidade do Rio de Janeiro.

A ideia de escrever sobre o tema surgiu, após o nascimento de seu filho, como uma tentativa de facilitar o diálogo sobre emoções que frequentemente temos dificuldades para nomear, buscando assim acolher as descobertas que a criança experimenta psiquicamente.

A paixão pelo universo dos sentimentos infantis contribuiu também para a criação do “De Carona no Corona”, folheto educativo para crianças, relacionado à pandemia.

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