Consideradas obras de arte raras, as chamadas fontes Wallace instaladas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro acabaram de passar por procedimentos de conservação. Em um delicado processo de limpeza e conservação, foram utilizadas escovas de nylon e estopa de algodão, entre outros, para remoção de restos de vegetais nas reentrâncias das esculturas.
De acordo com a arquiteta e doutora em patrimônio Léa Therezinha de Carvalho, as fontes Wallace foram produzidas na França, no século 19. Confeccionadas em ferro fundido, foram esculpidas em dois modelos. Considerado raro, o modelo mural, em funcionamento, encontra-se no JBRJ. O nome se deve ao seu idealizador, o filantropo inglês Richard Wallace.
– Depois da Guerra Franco-Prussiana, em 1870, os aquedutos de Paris foram destruídos, e a água, que já era cara, ficou praticamente inacessível para a população. Sir Wallace, então, resolveu usar sua fortuna para construir diversas fontes a fim de prover água de graça para a população, contratando o escultor francês, muito famoso na época, Charles-August Lebourg – conta a arquiteta do JBRJ.
Além do modelo mural, o escultor francês desenhou um outro chamado de grande. Ainda segundo Léa de Carvalho, atualmente, há 67 fontes Wallace do tipo grande em funcionamento em Paris, e ainda outras espalhadas pelo mundo, inclusive no Rio de Janeiro.
No JBRJ, estão instaladas sete fontes Wallace do modelo mural. Um outro exemplar do modelo mural encontra-se desativado, na Praça Dom João Esberard, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio.
– Por meio desse procedimento de conservação, foi possível compreender o universo de patologias incidentes sobre as obras, identificar partes faltantes e pontos de maior fragilidade, possibilitando a construção de um plano de ação eficiente de restauração completa – afirmou a restauradora do JBRJ Elaine Chagas, responsável pelo trabalho.