Quando refletimos sobre nossa jornada, é frequente que associemos o conceito de movimento com episódios decisivos e transformadores, sejam eles positivos ou não. Assim, nascimentos, tragédias, promoções, disputas, premiações, falecimentos… quase instantaneamente são relembrados. E realmente eles evocam memórias de momentos em que nossa história parece ter tomado outro rumo a partir de algo bastante específico.
No entanto, muito mais numerosas são as vezes em que pequenos passos vão – aos poucos – nos direcionando para um novo capítulo de nossa trajetória. Uma determinada escolha, uma nova perspectiva, maneiras alternativas de nos comprometermos com antigos hábitos. Enfim, diversos aspectos do nosso dia a dia podem funcionar como substrato para verdadeiras revoluções a longo prazo.
O fundamental é manter sempre em mente que isso se dá a cada vez. Que, quanto a esse aspecto, não é possível fazer pausas. Isso porque estamos sempre optando por algo. Inclusive se decidimos por não escolher. E entre nossas preferencias, aquilo a que damos primazia acaba guiando nossos passos subsequentes e, assim, dando uma direção diferenciada e original para nossos planos e sonhos.
De certo, nosso horizonte expande ao perceber o tamanho dessa responsabilidade. Tomar consciência do nosso papel em grande parte daquilo que acontece conosco é algo gigantesco. Grandioso. Assustador. Porém, traz consigo também a oportunidade do livre-arbítrio. Apropriar-se não apenas das grandes, mas das pequenas e ordinárias escolhas é algo poderoso e libertador.
Desse modo, não espere apenas momentos decisivos para olhar o que tem escolhido – e colhido – para você. Esteja atento. Permaneça interessado naquilo que, tantas vezes, pelo seu caráter corriqueiro, passa despercebido. Talvez assim, um novo horizonte de possibilidades se abra e sejamos capazes de perceber que cada vez que damos um passo, por menor que seja, é o mundo quem sai do lugar!
Psicóloga graduada pelo IBMR e Bióloga graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui pós-graduação em Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Também é formada em Artes Cênicas pelo SATED do Rio Janeiro, o que a ajudou a desenvolver o Grupo Grão, projeto voluntário que atende pessoas socialmente vulneráveis, onde através de eventos lúdicos, busca-se a livre expressão de sentimentos por meio da arte.
Seus livros infantis “A noite de Nina – Sobre a solidão”, “A música de dentro – Sobre a tristeza” e “A dúvida de Luca – Sobre o medo” fazem parte de uma trilogia que versa sobre sentimentos por vezes vistos como negativos, mas que trazem algo positivo se olharmos para eles mais atentamente. Estes dois últimos inclusive entraram para a lista paradidática de uma tradicional escola montessoriana na cidade do Rio de Janeiro.
A ideia de escrever sobre o tema surgiu, após o nascimento de seu filho, como uma tentativa de facilitar o diálogo sobre emoções que frequentemente temos dificuldades para nomear, buscando assim acolher as descobertas que a criança experimenta psiquicamente.
A paixão pelo universo dos sentimentos infantis contribuiu também para a criação do “De Carona no Corona”, folheto educativo para crianças, relacionado à pandemia.