Aprender a SER é Aprender a INTEGRALIZAR-SE

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Foto de Andrea Piacquadio no Pexels

No silêncio da noite no seu quarto, quais são os convites que insistem em chegar?

Aqueles que, no decorrer do dia, mesmo desatenta, te fazem inquietar-se, angustiar-se. O medo de aceitá-los as vezes é maior do que a curiosidade pela descoberta!

Aqueles que, nas madrugadas, aparecem de forma inesperada, tiram o seu sono e te fazem viajar, as vezes para uma viagem interessante e em outras vezes para uma viagem intrigante!

Quais são os convites constantes que insistem em chegar por aí?

Um deles, provavelmente, é o convite para SER!

Mas será que é preciso aprender a SER ou o indivíduo nasce sabendo SER?

Acredito que naturalmente – instintivamente – a pessoa sabe o que é SER (observar, perceber e compreender o mundo que a cerca: Quem sou eu no mundo? O que sou para o mundo? Qual o meu papel/meu propósito neste mundo? Como me constituo neste mundo?). Contudo, a interação “com e na” vida – necessária/fundamental –, “quando polarizada”, desvirtua o SER humano da sua essência, do prazer evolutivo que ele tem ao encontrar com ele mesmo e quando está com o outro e, neste momento, refiro-me ao outro como qualquer SER VIVO.

Então por conta da nossa condição humana, da qual nasce uma necessidade relacional, é “preciso” aprender a SER!

Pode-se refletir, a partir da afirmação acima, que uma das bases para a transformação da convivência é que cada indivíduo aprenda a SER e que ela está vinculada ao entendimento sobre a capacidade humana de escolher. O que significa “poder” escolher?

O escolher está atrelado à compreensão de nós mesmos que se refere a preparação para autogovernarmos, para agirmos por meios de valores morais (princípios construídos coletivamente que norteiam o comportamento de um indivíduo em relação ao todo – a sociedade), para termos consciência das decisões e, consequentemente, para assumirmos as responsabilidades individuais e coletivas inerentes às ações e omissões do dia a dia.

Por esse motivo, para que o indivíduo possa aprender a SER é fundamental observar-se em “relação”, pois a vida é troca – a vida está para a relação, assim como a relação está para os indivíduos. A existência humana não pode ser pensada tendo como foco um indivíduo “sozinho”, já que “existimos” em relação seja com o outro ser vivo e/ou com as ideias etc.

É no movimento de investigação do encontro com outras pessoas e do encontro comigo que construo o meu “autoconhecimento”!

E esse “aprendizado de nós mesmos” acontece a todo momento, a cada instante – seja pelo observar, pelo escutar, pelo dialogar, pelo sentir – alguém ou alguma coisa –, ou seja, é um movimento infinito e, em função disso, o “aprender” a SER também chega, hoje em dia, como um convite primordial.

Igualmente como os outros convites, este gera inquietações, angústias e medos, logo requer muita sensibilidade. Ser sensível é sinônimo de estar receptivo as impressões e as sensações que o externo e o interno geram em você, como também exercitar a compaixão e empatia acerca das suas experiências de vida e das do outro indivíduo também (como analisar e refletir profundamente sobre os desafios de ser humano, sejam físicos e/ou emocionais; se permitir mergulhar nas situações individuais e coletivas que chegam até você, buscando apoiar e solidarizar-se; por fim desenvolver habilidades de comunicação – especialmente a assertividade – expressando opiniões sem gerar violência aos outros e nem abrir mão do que é essencial para você e, sim, estimulando trocas interpessoais significativas e saudáveis).

Aprender a SER é um convite para conhecer o todo – a natureza, a estrutura humana, o movimento impermanente da vida – porque você é o todo e o todo é você! Em outras palavras, é experimentar viver o presente assim como ele se apresenta, observando a dinâmica que sua mente, seu corpo e seu coração fazem quando você encontra com o outro e com você mesma – é ser curiosa diante da simplicidade (enxergar o que é – sem medo, sem julgamento moralizador, sem fugir do que assusta, sem projeções) e é ser intencional diante da complexidade (buscar a compreensão dirigindo sua reflexão para a experiência vivida – para a situação em si/sem generalização – isto é, qual o motivo da expressão/do comportamento do sujeito em relação ao fato (as histórias, as memórias que envolvem o indivíduo ao fato) – eis que são elementos inseparáveis.

Mas acima de tudo, aprender a SER é entrar em contato com a simplicidade e/ou com a complexidade da “relação”, seja ela intrapessoal ou interpessoal. Visto que, de uma maneira figurada, é se permitir tocar o mundo e ser tocada pelo mundo que nos rodeia!

Aprender a SER também é abraçar os conflitos, as perturbações, as dores… tudo que circunda a existência humana e, assim, desenvolver-se para a integralidade!


Fabiana Lima Santos – Educadora Social. Gestora de Conflitos com foco em Cultura de Paz na Educação pelo IFBA – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia. Fundadora e Coordenadora do Instituto De Coração Para Coração. Facilitadora de Diálogos Restaurativos pela AJURIS – Escola de Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul e com Aprofundamento em Facilitação em Diálogos Restaurativos pela AJURIS – Escola de Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul. Mediadora de Conflitos Extrajudicial certificada pela Câmara Mediati e com Aprofundamento em Mediação & Arbitragem pela FGV – Fundação Getúlio Vargas e também em Mediação Narrativa Circular ministrada por Héctor Valle na Coonozco/Diálogos Transformativos e com certificação Internacional pela Sociedad Científica de Justicia Restaurativa (Espanha) e Coletivo Diálogos (México), como também pela EMAB – Escola de Magistrados da Bahia.

Contatos pelo e-mail: coracoesemdialogo@gmail.com pelo Celular: 21 995451311 Página do Instagram @coracoesemdialogo ou Site https://coracoesemdialogo.com/

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