Aceitar-se é Libertador

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A aceitação de si é algo libertador. Esse assentimento de nós mesmos e do que nos acontece é algo que modifica nossa maneira de lidar com o mundo. Não apenas em nossa história privada, mas em nossa vida como um todo e, portanto, na forma de conviver com as pessoas ao nosso redor. A maneira como aprendemos a nos acolher influência diretamente na nossa lida também com os demais.

Contudo, viver em paz consigo não é uma tarefa trivial. Pelo contrário, desde criança somos submetidos a inúmeros atravessamentos que desestabilizam, muitas vezes, nossa aliança conosco. Isso tende a se intensificar pelas situações experimentadas na adolescência, onde a autoimagem ganha papel de destaque e, ao mesmo tempo, muitos ajustes são realizados para que se garanta um certo tipo de pertencimento ao grupo em que se deseja estar.

Na vida adulta, as circunstâncias não parecem tão diferentes. Existem incontáveis pressões sociais que nos induzem a agir de determinada maneira em detrimento de outras. Assumimos constantemente papéis impostos pelo mundo, anulando componentes significativos em nós. Emudecemos partes fundamentais que nos constituem.  As deixamos em latência, adormecidas por razões culturais ou relacionais.

Desenvolver um processo de autoaceitação, nesse sentido, não é algo fácil ou indolor. É frequente que precisemos revisitar nossa história pregressa a fim de investigarmos o porquê de assumirmos determinadas posturas ou comportamentos em certas conjunturas. É necessário que nos desliguemos um pouco dos fatores externos e nos habituemos a olhar, com maior carinho e gentileza, para dentro.

E, no fim, é possível perceber que aceitar não significa apegar-se. Ficar acomodado com o que já se tem, sem a abertura para mudanças. Aceitar é olhar para si com totalidade. Acolhendo todos os aspectos, ainda que os percebamos como positivos ou negativos. Integralmente. Desse modo, nos abrigamos e suspendemos autojulgamentos. Além do que, ainda que ao final decidamos por mudar, apenas conseguiremos transformar aquilo que nós já aceitamos.


Bruna Richter 

Psicóloga graduada pelo IBMR e Bióloga graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui pós-graduação em Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Também é formada em Artes Cênicas pelo SATED do Rio Janeiro, o que a ajudou a desenvolver o Grupo Grão, projeto voluntário que atende pessoas socialmente vulneráveis, onde através de eventos lúdicos, busca-se a livre expressão de sentimentos por meio da arte.

Seus livros infantis “A noite de Nina – Sobre a solidão”, “A música de dentro – Sobre a tristeza” e “A dúvida de Luca – Sobre o medo” fazem parte de uma trilogia que versa sobre sentimentos por vezes vistos como negativos, mas que trazem algo positivo se olharmos para eles mais atentamente. Estes dois últimos inclusive entraram para a lista paradidática de uma tradicional escola montessoriana na cidade do Rio de Janeiro.

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