A gente vai levando (Mas não deveria)

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Sim! É verdade que as coisas não estão como havíamos planejado. Que as ideias iniciais que nos mantinham fortes e valentes andam meio adormecidas, deixadas de lado, esquecidas numa gaveta trancada de um armário velho. E, junto a elas, nossos desejos mais genuínos, nossas esperanças mais verdadeiras. E toda uma vida fantasiada que ficou ali, guardada na memória.

A gente vai levando! Do jeito que dá. Da forma que consegue. Não é de se esperar que cada anseio pueril que tínhamos em nossa juventude se realizasse, não é mesmo? E seguimos firmes, sérios e produtivos. Bom… Por vezes também um pouco cambaleantes, reclamões e remendados. Mas esse é o preço. É o que pagamos pela nossa resistência. Pela capacidade de seguir, sem abalo, mesmo abandonando vontades de outrora, tão significativas para nós.

Seguimos com um certo mantra universal intrínseco de que a vida é assim mesmo. De que faz parte ou de que de nada adiantaria remar contra a maré ou contra a multidão. Aprendemos, tal como uma lição repetida e memorizada, que precisamos nos contentar. Receber de bom grado, de braços abertos e de boca fechada aquilo que o destino, convenientemente, nos trouxer. Será?

A provocação vem do questionamento. De colocar em jogo a veracidade contida na eterna aceitação irreflexiva do mundo, em detrimento de uma contestação auto implicante. Perceber que somos os grandes responsáveis pelo direcionamento da nossa história e que, isso significa que somos também responsáveis pelos tais planos remotos mencionados que ficam guardados nos móveis antigos.

Verdade! A gente vai mesmo levando… Ajeitando… Aceitando. Mas não deveria. Não deveria aceitar menos do que se acredita merecer – seja da vida, das situações ou dos outros. Revoltar-se também é movimento e muitas vezes, redireciona e reorganiza os pensamentos de forma a compreender o que é necessário para que você se aproxime, cada vez mais, daquilo tudo com que sempre sonhou.


Bruna Richter 

Psicóloga graduada pelo IBMR e Bióloga graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui pós-graduação em Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Também é formada em Artes Cênicas pelo SATED do Rio Janeiro, o que a ajudou a desenvolver o Grupo Grão, projeto voluntário que atende pessoas socialmente vulneráveis, onde através de eventos lúdicos, busca-se a livre expressão de sentimentos por meio da arte.

Seus livros infantis “A noite de Nina – Sobre a solidão”, “A música de dentro – Sobre a tristeza” e “A dúvida de Luca – Sobre o medo” fazem parte de uma trilogia que versa sobre sentimentos por vezes vistos como negativos, mas que trazem algo positivo se olharmos para eles mais atentamente. Estes dois últimos inclusive entraram para a lista paradidática de uma tradicional escola montessoriana na cidade do Rio de Janeiro.

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