É maravilhoso que tenhamos palavras positivas e inspiradoras quando lidamos com outras pessoas. Muitas vezes, é exatamente disso que o outro precisa. De alguém com as frases certas, com uma determinada organização de pensamentos para auxiliar na aparição de uma nova direção. De quem motive e estimule ao dizer exatamente o que necessita ser falado naquele momento em especial.
Contudo, há um abismo imenso entre o que se diz e o que se faz. É possível que passemos grande parte de nosso tempo pregando palavras de amor, de empatia e de acolhimento, por exemplo, quando na prática o que mais fazemos em nosso cotidiano é segregar, discriminar e julgar. Há uma incrível dissonância entre o que propagamos e o que vivenciamos, no que há de mais íntimo em nós.
E, percebemos isso em especial, no que tange a tolerância. É bastante comum que nos utilizemos de frases ou conceitos considerados socialmente corretos, tais como ser gentil para gerar gentileza ou agir com quem nos cerca da maneira como gostaríamos de ser tratados. Contudo, observamos que, em inúmeras vezes, é quase o oposto disso que termina por ser praticado.
Trânsito é uma das circunstâncias onde podemos observar com muita clareza o que foi exposto anteriormente. Cada carro acaba por representar um mundo próprio e, protegidos em seu próprio universo, o individualismo e a competição parecem aflorar. Mas é possível observar o mesmo fenômeno em diversas situações, como em filas, em parques, em estacionamentos. Talvez não sejam tanto pelos lugares, mas pelo que emerge subjetivamente em cada um.
Desse modo, é preciso que tenhamos um pouco mais de cuidado e zelo para tentarmos aproximar nosso discurso dos nossos atos. Para que consigamos dar um salto das nossas intenções para as nossas ações. Para que não fiquemos tão desalinhados entre o que pregamos e o que praticamos, de fato. Assim, progressivamente, podemos passar a ser mais congruentes com a gente e com o mundo que imaginariamente desejamos.
Psicóloga graduada pelo IBMR e Bióloga graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui pós-graduação em Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Também é formada em Artes Cênicas pelo SATED do Rio Janeiro, o que a ajudou a desenvolver o Grupo Grão, projeto voluntário que atende pessoas socialmente vulneráveis, onde através de eventos lúdicos, busca-se a livre expressão de sentimentos por meio da arte.
Seus livros infantis “A noite de Nina – Sobre a solidão”, “A música de dentro – Sobre a tristeza” e “A dúvida de Luca – Sobre o medo” fazem parte de uma trilogia que versa sobre sentimentos por vezes vistos como negativos, mas que trazem algo positivo se olharmos para eles mais atentamente. Estes dois últimos inclusive entraram para a lista paradidática de uma tradicional escola montessoriana na cidade do Rio de Janeiro.