Você possui permissão para ter dias ruins

4 min. leitura
Photo by Masha Raymers on Pexels.com

Acorde. Desperte. Levante. Lave. Escove. Perfume. Escolha. Vista. Coma. Limpe. Despeça. Corra. Trabalhe. Pesquise. Questione. Crie. Determine. Escreva. Execute. Engula. Conheça. Converse. Convença. Destaque. Teste. Corrija. Pense. Busque. Desenvolva. Amplie. Volte. Malhe. Ore. Devore. Arrume. Organize. Leia. Selecione. Assista. Reflita. Cresça. Expanda. Desligue. Relaxe. Durma.  

Muitas são as imposições assumidas em nosso cotidiano, sejam essas descritas acima ou tantas outras existentes. Pressões cada vez mais exigentes que nos empurram nas mais variadas direções demandando uma produtividade constante e de excelência. Tudo encadeado, numa sequencia frenética e pulsante, reverberando em nosso estado mental, que se torna não apenas alterado, mas acelerado.

Em meio a um cronograma tão apertado para tantas atividades, diminuímos consideravelmente o espaço para dias ruins. Aqueles momentos em que somos atravessados por infortúnios ou em que emergem nossas fragilidades são abafados severamente em prol do bom andamento de nossos planos e projetos. Em nome dessa rotina preestabelecida suprimimos qualquer interceptação que nos distancie minimamente de nossa eficácia.

Contudo, a aceitação desses momentos que não são tão bons, ajuda com que aceitemos com menor resistência aquilo que escapa ao nosso controle. Uma escolha impensada, uma atitude precipitada, um momento menos eficiente ou ainda, uma fatalidade que se interpõe pode auxiliar a aflorar o discernimento entre aquilo que nos é imposto e o que realmente é razoável ser feito.

De certo, nem toda semana estaremos com nossos afetos estabilizados, com nossos relacionamentos fortalecidos e com nossos afazeres cumpridos com proeminência. E não há problema algum nisso. Essa percepção de que não rendemos de forma linear e imutável pode nos libertar de amarras que trazem culpa e que paralisam diante do inusitado, alargando inclusive nossa habilidade em lidar com o processo, e não apenas com um alvo.

Não nos constituímos como máquinas. Desse modo, não sendo aparelhos ou robôs, não funcionamos indiscriminadamente da mesma maneira.  A oscilação não apenas deveria ser entendida, como abraçada. Assim, poderíamos conduzir nossa história com maior leveza acreditando que fazemos sempre o que é possível ser realizado, de acordo com as ferramentas que possuímos, a cada momento. E esse é o nosso melhor!


Bruna Richter 

Psicóloga graduada pelo IBMR e Bióloga graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui pós-graduação em Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Também é formada em Artes Cênicas pelo SATED do Rio Janeiro, o que a ajudou a desenvolver o Grupo Grão, projeto voluntário que atende pessoas socialmente vulneráveis, onde através de eventos lúdicos, busca-se a livre expressão de sentimentos por meio da arte.

Seus livros infantis “A noite de Nina – Sobre a solidão”, “A música de dentro – Sobre a tristeza” e “A dúvida de Luca – Sobre o medo” fazem parte de uma trilogia que versa sobre sentimentos por vezes vistos como negativos, mas que trazem algo positivo se olharmos para eles mais atentamente. Estes dois últimos inclusive entraram para a lista paradidática de uma tradicional escola montessoriana na cidade do Rio de Janeiro.

Deixe um comentário
Cadernos
Institucional
Colunistas
andrea ladislau
Saúde Mental
Avatar photo
Exposição de Arte
Avatar photo
A Linguagem dos Afetos
Avatar photo
WorldEd School
Avatar photo
Sensações e Percepções
Marcelo Calone
The Boss of Boss
Avatar photo
Acidente de Trabalho
Marcos Calmon
Psicologia
Avatar photo
Prosa & Verso