Viajantes literários: jovens lideram missão, com êxito, da valorização de obras nacionais

5 min. leitura
O hábito da leitura se adaptou ao mundo virtual, levando muitos aspirantes a escritores a correrem atrás de seus
maiores sonhos: suas histórias criando vida e invadindo estantes alheias. Bettina Winckler se orgulha do sucesso de sua
obra Transmorfo, no qual chegou a atingir o Top 10 do gênero fantasia urbana na plataforma Amazon.

Ler, desde sempre, é o refúgio de muitos. Mesmo sendo uma fuga na qual não exige idade, onde qualquer um pode embarcar nessas viagens, é inegável, ainda assim, a forte influência que esses ”universos de capa dura” possuem com o público jovem. Eles, os jovens viajantes literários, são os belos responsáveis pela sobrevivência de histórias que, por pouco, não foram esquecidas.


Sendo a autora do sétimo livro mais lido do gênero fantasia urbana na plataforma Amazon, Bettina Winkler, 24 anos, confessa que toda sua jornada, desde a produção da sua obra, Transmorfo, ao lançamento, foi de uma tremenda montanha russa literária que parecia não haver fim. Nascida em Salvador e formada em Cinema, conta que a arte sempre esteve presente em sua vida. Sendo escapista de carteirinha e passando mais tempo em outras realidades, deduziu a existência de uma necessidade que crescia gradativamente: contar histórias. Sonhar acordada já não era mais o suficiente.


Dando à luz a Transmorfo em meados de 2017, foi feita a decisão de mandar suas cópias para editoras que, talvez, poderiam se interessar em publicá-la. Apesar de eventuais elogios à trama, foi recusada. Frustrada, desistiu de tudo relacionado a escrever, afastando-se por um ano inteiro e dedicando toda sua atenção à faculdade. Com o incentivo de amigos para não desistir de seu sonho, juntou dinheiro o suficiente para publicar seu livro de forma independente, lançando-o oficialmente na Amazon em agosto de 2020, disponibilizando também exemplares físicos. O sucesso em exato um mês de lançamento foi tão grande, que houve a necessidade de providenciar uma segunda remessa.


O amor à leitura, hoje, é representado muito além de apenas livros físicos. Muitos dos hábitos desenvolvidos por jovens a contar suas próprias histórias ou viajar entre variados contos como leitor, foi graças a aquisição da internet em nossas vidas. A plataforma Wattpad tem reunido desde sua ascenção, por exemplo, muitas pessoas apaixonadas em ler, disponibilizando dos mais diversos gêneros literários existentes e de forma gratuita. Conhecidas como fanfictions, inesperadamente, esse grande acervo deu um passe importante para os grandes contadores de histórias: de voarem longe com suas palavras até o sucesso.


Gabriela Paraizo, 21 anos, definitivamente não esperava que uma de suas obras viria a ser lançada como livro. Estudante de licenciatura em Artes Visuais na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, começou a criar fanfics em 2012, mas foi em 2016 que o sucesso veio em sua direção. Com quase seis milhões de visualiações e mais de meio milhão de curtidas no Wattpad, Addict encerrou sua era sendo ovacionada. A curitibana recebeu incansáveis propostas para o lançamento do conto como um original, mas recusando-as pela insegurança e ceticismo que lhe acompanhava. Convencida, por fim, pela dona da editora Euphoria, editora essa responsável pela publicação de livros físicos das fanfictions adaptadas em versões originais, a escritora agarrou a chance e mergulhou de cabeça na oportunidade.


Adaptada como Adicto, sua pré-venda em outubro do ano de 2020 foi um completo espetáculo. Atualmente, seu livro encontra-se como um dos mais procurados no site da editora, calculando cerca de oitocentos exemplares vendidos. São escritores como Bettina e Gabriela e seus leitores, os responsáveis em promover toda essa diversidade de literatura que grita para ser normalizada em nosso país. A desvalorização da literatura brasileira ainda existe, não percebendo, também, que contribuímos em seu esquecimento. A arte surge não só de um lugar, mas dos mais diferentes, e ampliar os horizontes para além de produções feitas restritamente em solos estrangeiros, liberta a arte em se expressar das mais diversas formas, chegando para aqueles que a apreciam singelamente e calorosamente.

Ana Luiza Portella – estudante de jornalismo

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