Tá de brincadeira?

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Group of happy kids is outdoors on the sportive field at daytime.

O brincar é fundamental. Não apenas pela diversão, mas por conta dela também. E começarei por esse ponto. Em uma época onde muito precocemente os adultos se preocupam com os escores, o desempenho e o vestibular, mesmo quando ainda estamos falando sobre a infância, se faz importante resgatar a noção de que o divertimento, a distração e a leveza podem – e devem – fazer parte da rotina dos pequenos.

Além disso, pelos mais variados motivos, a brincadeira assume um papel de destaque na aprendizagem infantil.  É através dela que inúmeras habilidades podem ser desenvolvidas, tais como a socialização, a cooperação e a liderança. Além disso, é por meio das diversas atividades lúdicas que a capacidade criativa é estimulada, bem como as diferentes competências relacionadas à imaginação e à fantasia.

Nos jogos infantis, de acordo com cada faixa etária, é possível introduzir algumas informações sobre normas e regras, além de abordar diálogos sobre limites. Podemos aproveitar deles para treinar nossa concentração, capacidade de criar novas estratégias e de flexibilizar quando necessário. Por fim, é possível manifestar a motivação que sustenta a competição, sem perder de vista a empatia nem se entregar à frustração, caso algo não saia como planejado.

Através de momentos de faz-de-conta, de uma maneira geral, as crianças conseguem expressar mais facilmente pensamentos, sentimentos e experiências significativas para elas. Existe a promoção de uma expansão cognitiva, mas também motora e física, favorecendo o entendimento do funcionamento e das potencialidades do próprio corpo. Há a exploração, a descoberta do novo, a expansão.

Brincando vamos apreendendo a vida circundante. Nos apropriamos cada vez mais do mundo e de nós mesmos. Nas brincadeiras, vínculos significativos e duradouros são estabelecidos e fortalecidos. Novas conexões e hipóteses são formadas. Diferentes afetos e sensações emergem, podendo ser não apenas compreendidos, mas compartilhados. E para quem não entende o lugar central dessas experiências, fica a pergunta: vocês estão de brincadeira?


Bruna Richter 

Psicóloga graduada pelo IBMR e Bióloga graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui pós-graduação em Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Também é formada em Artes Cênicas pelo SATED do Rio Janeiro, o que a ajudou a desenvolver o Grupo Grão, projeto voluntário que atende pessoas socialmente vulneráveis, onde através de eventos lúdicos, busca-se a livre expressão de sentimentos por meio da arte.

Seus livros infantis “A noite de Nina – Sobre a solidão”, “A música de dentro – Sobre a tristeza” e “A dúvida de Luca – Sobre o medo” fazem parte de uma trilogia que versa sobre sentimentos por vezes vistos como negativos, mas que trazem algo positivo se olharmos para eles mais atentamente. Estes dois últimos inclusive entraram para a lista paradidática de uma tradicional escola montessoriana na cidade do Rio de Janeiro.

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