Yayoi Kusama, aos 92 anos de idade, é uma das artistas contemporâneas mais respeitadas no mundo hoje. Você pode até achar que não a conhece, mas certamente já viu a sua arte em algum lugar.
Desde criança ela era fascinada por pontos e bolas, conseguia visualizá-los em todos os lugares. Isso foi transformado em arte, ela produziu entres esculturas, pinturas e instalações toda uma atmosfera autêntica inspirada em sua imaginação através de pontos.
Suas obras já foram expostas nos principais museus do mundo e a partir de 18 de maio de 2021 o Tate Modern Museum de Londres irá receber novamente dois quartos infinitos. O hipnotizante Infinity Room já passeou por diversos países, de formato hexagonal e espelhado em todos os lados, Love Forever apresenta dois olhos mágicos que convidam os visitantes a espiar e ver a si mesmos e a outro participante repetido no infinito.
A infinidade da vida poder ser sentida através de uma instalação é uma coisa que só a arte pode fazer pela humanidade. Suas influências são o surrealismo, minimalismo, o expressionismo abstrato e o pop art. Seu trabalho é uma mistura de diversas artes, como colagens, pinturas, esculturas, arte performática e instalações ambientais.
Sua primeira exposição no Brasil foi a Obsessão infinita em 2013, no CCBB do Rio de Janeiro, eram instalações multicoloridas e repletas de pontos e bolas.
Mas temos o privilégio de ter duas de suas obras expostas no Museu de Inhotim- em Brumadinho, Minas Gerais. Narcissus Garden, o jardim narcísico foi instalado em um dos lagos do parque. O jardim foi inspirado no mito do Narciso que ao se apaixonar pela própria imagem no lago se afogou e no lugar nasce uma flor com o mesmo nome. Esse mito se tornou a parábola da vaidade e foi pensando nisso que em 1966 durante a Bienal de Veneza, Yayoi Kusama, instalou de forma clandestina seu jardim de narciso e colocou o irrisório valor de 2 dólares, o que chamou a atenção do público em relação aos valores das outras obras e a vaidade no mundo da arte. A instalação reúne 750 esferas de aço inoxidável sobre um espelho d’água. Nas palavras da artista, a obra se comporta como “um tapete cinético”, dada a ação do vento, que cria diferentes agrupamentos das esferas em meio à vegetação aquática. Assim, de acordo com as alterações do tempo, a obra ganha uma nova configuração a cada olhar.
A obra I’m here, but nothing, foi instalada em 2019, com suas bolas coloridas trazendo diferentes sensações para os olhos, uma sala de estar onde o visitante se perde na luz. Yayoi Kusama ilumina o espaço com luz negra e distribui adesivos metalizados em todas as superfícies, paredes, mobiliário e objetos, fazendo os corpos dos espectadores desaparecerem no ambiente ou, como ela costuma dizer, se “obliterarem”.Considerado o maior museu a céu aberto do mundo, o Instituto Inhotim deve inaugurar ainda esse ano o pavilhão Yayoi Kusama, foi adiado devido às circunstâncias, mas o público pode aguardar que teremos mais arte dessa ilustre artista japonesa em nossa terra.
O Instituto Inhotim é a sede de um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil e já está reaberto aos visitantes, com algumas restrições, mas nada melhor que um museu ao ar livre, para respirar arte. Tem entrada gratuita toda última sexta feira do mês, mas o ingresso deve ser retirado no site. Mas para ficar ainda melhor, se você está longe de Minas Gerais, pode fazer um passeio online pelo parque com áudios explicativos. Esse museu é um espaço deslumbrante da criatividade humana, misturada à beleza da natureza de Deus. Um passeio imperdível, mesmo que online. A arte de Yayoi Kusama é vibrante e dinâmica, ela está viva e refletindo o nosso tempo. Suas bolinhas coloridas são capazes de tomar todas as formas e construir muitas cenas e sensações para o nosso imaginário. Que seu quarto infinito possa nos renovar a esperança de eternidade.
Que a arte seja sempre um caminho de alívio, reflexão e cura. Obrigada Yayoi por deixar sua criança brincar até hoje.
Fernanda Magnani – Atriz, Professora de Teatro e Palestrante