Precarização do trabalho é o mote de Comida nas Costas, Barriga Vazia, novo espetáculo da Fraternal Companhia de Arte e Malas Artes

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No dia 14 de outubro de 2022 estreia Comida nas Costas, Barriga Vazia, novo trabalho da Fraternal Companhia de Arte e Malas Artes, dirigido por Ednaldo Freire, com dramaturgia de Alex Moletta. O espetáculo fica em cartaz no Espaço Parlapatões até dia 19 de fevereiro de 2023. As sessões acontecem às sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h. 

O elenco é formado por Aiman Hammoud, Clóvis Gonçalves, Giovana Arruda, Ian Noppeney, Luiã Borges, Maria Siqueira e Mirtes Nogueira.

Comida nas Costas, Barriga Vazia propõe-se a ser um grito de guerra e socorro, ouvido dos próprios entregadores. A equipe de criação entrevistou diversos motoristas de aplicativos e entregadores, como o Paulo Galo, dos Entregadores Antifascistas.  O absurdo, o grotesco e o hiperbólico deste cenário caótico levou a dramaturgia direto à Idade Média e a linguagem estética ao épico cômico. “Trazemos o humor para aproximar o público ao absurdo que estamos vivendo”, diz Ednaldo Freire. 

Situar a peça na Idade Média é, mais do que uma escolha artística, uma crítica social: “ainda passamos pelos mesmos problemas? Não evoluímos nada no que diz respeito à classe trabalhadora, que fortalece a economia e luta constantemente pela sobrevivência?”, conta o dramaturgo Alex Moletta, que avança: 

“Observamos uma classe abastada e dominante mantida, a duras penas, por outra classe que sobrevive numa guerra diária para pagar seus boletos e fazer seus corres. Neste trabalho, continuamos não só a tecer a crítica àqueles que exploram, mas também a buscar mais empatia com a grande massa de trabalhadores proletariados deste país”.


Em 2017, a Fraternal Companhia de Arte e Malas Artes estreava o espetáculo Nosotros, um mergulho na experiência imigratória latino-americana em São Paulo e o tema era: os trabalhadores explorados pela indústria têxtil. “O cenário que encontramos foi desolador e nos provocou a continuar uma pesquisa ainda mais aprofundada sobre o universo do trabalho”, conta o dramaturgo. 

Nos últimos anos, sobretudo durante a pandemia, a Cia observou que as condições já precárias da grande maioria dos trabalhadores foi piorando: “a concentração de riquezas, a fragmentação de processos, a indústria 4.0 e as perdas constantes de direitos fizeram os trabalhadores não terem mais opção: “o que aparecer eu faço, não tem outro jeito” [fala de um dos nossos entrevistados do projeto]”, conclui.

Sinopse 

Imaginem que o mundo que a gente vive não deu certo. Agora imaginem Pluto, o Deus grego do dinheiro, sendo convencido pelo Diabo a criar um mundo novo, com tecnologia 4.0, num tempo que não é esse! Assim começa a história de JÃO, um desmemoriado entregador de aplicativo na idade média que precisa sobreviver a condições absurdas e medievais de trabalho para ganhar o pão de cada dia.


“Em 2017 o governo Michel Temer estabelece a reforma trabalhista e previdenciária, sob a justificativa de acabar com o desemprego e promover o desenvolvimento econômico.  

Entretanto o que se observou foi o recrudescimento do desemprego e aprofundamento da precarização do trabalho, agravado pela pandemia. As poucas conquistas históricas expressas na consolidação das leis do trabalho, foram destruídos pela nova reforma, arrastando uma legião de desempregados para a chamada uberização. A eles foi vendido a falsa ideia de que no novo sistema, todos são empreendedores e patrões podendo estabelecer a sua própria jornada de trabalho. Entretanto, todos nessa nova ordem, são submetidos a um patrão virtual, uma plataforma que impõe regras, metas sem nenhuma contrapartida ou direitos. Ednaldo FreireFicha técnica

Autor: Alex Moletta

Consultoria de texto: Luís Alberto de Abreu

Direção: Ednaldo Freire

Músicas / Direção Musical: Carlos Zimbher

Cenário / Figurinos: Luiz Oliveira Santos

Preparação Corporal / Coreografia: Tatiane Guimarães

Adereços: Fábio Lusvarghi

Designer Gráfico: Toni D’agostinho e Natália Negretti

Fotografia: Leekyung Kim

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Operador de Luz: Marco Vasconcellos

Operador de Som: Marcos Carreira

Contrarregra: Pitty Santana 

Elenco: 

Aiman Hammoud

Clóvis Gonçalves

Giovana Arruda

Ian Noppeney

Luiã Borges

Maria Siqueira

Mirtes Nogueira

Serviço

14 de outubro de 2022 a 19 de fevereiro de 2023 

Espaço Parlapatões: Praça Franklin Roosevelt, 158 – São Paulo

Sextas e sábados, às 21h; domingos, às 19h. 

Ingressos: R$ 30 (Sympla)

Duração: 100 minutos

Classificação indicativa: 12 anos 

Acessibilidade:Dois lugares para obesos e dois lugares para cadeirantes.

Projeto contemplado pela 38° edição do programa municipal de Fomento ao teatro para a cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura

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