Hoje vou dialogar com todas aquelas pessoas que não acreditam na “cura” pela palavra. Posso até concordar em parte, pois a psicanálise nem sempre vai curar mesmo! Isso por que muitas pessoas nem estão preparadas para ela, e, portanto, não têm o que chamamos de anasabilidade, como nos diz o prof. Renato Dias Martino, algumas pessoas não têm a menor condição de serem analisadas ou de fazerem análise. Seja por que não se acham necessitadas de qualquer ajuda, seja por que não confiam em outro ser humano pois não confiam nem em si próprias.
Alguns conhecidos já me procuraram para conversar, antes de eu me tornar psicanalista e diziam: “Não preciso falar com um psicoterapeuta, falar de meu passado não vai mudar nada. O que aconteceu já foi”. Essas pessoas só entendem ou pensam que vão falar na terapia do seu passado e seus traumas, mas, não, vão falar de sua vida hoje, o que a está incomodando hoje. Não é por que o pai da psicanálise é Freud, que a psicanálise parou por lá. Não, ela avançou, e muito. Depois dele e concomitantemente a ele, vários outros recriaram ou criaram novas teorias e práticas, novas formas de aplicação, e muitas releituras foram feitas. Não há uma forma única de ser analisado, tudo vai depender do psicanalista, de você, das questões a serem colocadas e como vocês vão lidar em conjunto com elas.
E já ouvi também “não vou falar com outra pessoa que não conheço, falha como eu”, até que faz sentido você pensar assim, afinal é por isso que não vou ao médico quando estou doente, nem ao advogado, quando preciso resolver algum problema na justiça, nem vou ao dentista quando tenho uma cárie… são todos seres humanos “falhos” como eu, né? Essa teoria é muito interessante do ponto de vista de alguém que não sabe de fato como a vida funciona. Uma pessoa não precisa ser perfeita para me atender, bem como um químico não precisa ter decorada a tabela periódica para ser um bom químico – isso uma amiga professora de química me falou. A psicanálise passa pelo campo dos afetos, é de outra ordem, não da técnica somente, mas da emoção, da sensibilidade de quem escuta, da intenção de ajudar, e da vontade de se escutar de quem é atendido. E reitero, não é preciso sermos bonzinhos para isso, basta sermos seres humanos, basta enxergar o outro como alguém que merece ser olhado, visto, acolhido, que merece respeito e amor.
E amor, quando o uso aqui, é o verdadeiro, aquele que viemos à Terra para aprender e muitos ainda estão somente discutindo os partidos políticos e os adversários no futebol. Viver é algo tão profundo que não deveríamos perder tempo com pouca coisa, em ter atitudes de agressão e disputa. O amor é acima de tudo o espaço do sagrado que existe em mim e você e que precisa de ser enfatizado em tudo o que fazemos.
Então, se você pensa mesmo que você não precisa de psicoterapia ou psicanálise é bom que você repense seus conceitos. Pode ser que este texto tenha ajudado você de alguma forma, e se o fez compartilhe com alguém que ama, para que essa pessoa possa pensar também.
Beeeiju.
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Janice Mansur é escritora, poeta, professora, revisora de tradução,
criadora de conteúdo no Instagram: @janice_mansur
e no canal Better and Happier https://www.youtube.com/@betterhappier7501
e psicanalista (atendendo online).
Contemplada no Tof of Mind Awards Internacional UK 2022,
na categoria Escritora Destaque do ano.
