Segundo o neurocirurgião Jamil Farhat Neto (CRM-SP 141.252 e RQE 74.302), o disco intervertebral atua como um amortecedor entre as vértebras, podendo se desgastar ou se deslocar, comprimindo nervos e causando dores. O especialista explica que o diagnóstico começa com uma boa conversa entre médico e paciente. “O primeiro passo é entender os sintomas e o histórico clínico da pessoa, seguido de um exame físico detalhado. Geralmente, os pacientes relatam dor no pescoço que pode irradiar para os braços, sensação de formigamento ou até fraqueza muscular. A confirmação do diagnóstico é feita por meio de exames de imagem, como a ressonância magnética, que nos permite visualizar a hérnia e avaliar a sua gravidade”, aponta.
Grupos de sintomas
Radiculopatia: ocorre quando a hérnia comprime as raízes nervosas que saem da coluna cervical. Isso pode resultar em dor que se irradia do pescoço para os braços, formigamento, dormência e até perda de força nos membros superiores.
Mielopatia: quando a compressão afeta a medula espinhal, os sintomas podem ser mais graves. A mielopatia cervical pode causar dificuldades motoras, como perda de coordenação, dificuldade para caminhar e, em casos mais severos, perda do controle dos esfíncteres e até ficar totalmente dependente para afazeres básicos.
Dor axial: este tipo de dor é localizado no pescoço e pode ser constante ou intermitente. Geralmente, é o primeiro sintoma que leva o paciente a buscar ajuda médica.
Gravidade da hérnia de disco cervical
O neurocirurgião destaca que a gravidade é mensurada com base nos sintomas clínicos do paciente e nos achados de exames de imagem, como a ressonância magnética. O tamanho da hérnia, o grau de compressão das estruturas nervosas e a presença de sinais de mielopatia são fatores determinantes. “A avaliação funcional do paciente, como o impacto dos sintomas na qualidade de vida e na capacidade de realizar atividades diárias, também é crucial para definir a gravidade e o melhor plano de tratamento”, afirma.
Tratamentos
Jamil lembra que os tratamentos variam conforme a gravidade dos sintomas. O médico esclarece que, inicialmente, a abordagem é conservadora, ou seja, sem cirurgia, incluindo o uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, fisioterapia e ajustes no estilo de vida, como melhorar a postura e aumentar a atividade física. “Em alguns casos, injeções de corticoides podem ser recomendadas para alívio da dor e inflamação. Se os sintomas persistirem ou piorarem, mesmo com o tratamento conservador, é possível considerar a cirurgia. O objetivo é descomprimir as estruturas nervosas e restaurar a função normal da coluna”, ressalta.
Cirurgia e pós-operatório
De acordo com o especialista, a hérnia de disco cervical é considerada cirúrgica quando os sintomas não melhoram com o tratamento conservador ou quando há sinais de comprometimento neurológico significativo, como fraqueza progressiva ou mielopatia. Jamil comenta que a cirurgia visa descomprimir os nervos ou a medula espinhal, aliviando os sintomas e prevenindo danos maiores.
Dr. Jamil Farhat Neto – Foto divulgação
O médico salienta que o pós-operatório é tranquilo, com alta hospitalar em poucos dias. Ele reforça que a recuperação completa pode levar algumas semanas, durante as quais o paciente deve seguir orientações de reabilitação, como fisioterapia, para garantir o sucesso do tratamento e evitar complicações.