Ganhe a Vida sem perder a Vida

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Tempo é dinheiro. Ao longo de nossa história ouvimos essa ideia das mais variadas maneiras. Algumas mais suaves, outras mais enfáticas, porém sempre com a tentativa de tornar nuclear nossa questão financeira. De certo, é uma questão privilegiada em nossa sociedade, mas existe alguma possibilidade de não estruturar nossa vida em torno disso, sem necessariamente romper com os dados de realidade?

Existem alguns provérbios que, quando interpretados pela lógica ocidental, nos incitam explicitamente a produzir. Falas como ‘estude enquanto eles dormem, ‘trabalhe enquanto eles se divertem’, ‘lute enquanto eles descansam’ permeiam nossa mente com a premissa intrínseca de uma vida plena e realizada. Segundo esse pensamento, o esforço árduo parece ser linearmente recompensado pela expectativa de felicidade futura.

Realmente, é benéfico quando não nos acomodamos, quando nos apropriamos das oportunidades que vislumbramos e saímos assim da inércia de permanecer na mesma posição irrefletidamente. Contudo, quando transformamos em meta o que deveria ser tão somente mais uma parte do processo, corremos o enorme risco de abandonar diversos fatores fundamentais na estruturação da nossa existência.

Se faz necessário, cada vez mais, que possamos buscar o equilíbrio – continuamente. Que não neguemos a seriedade do capital em nossa cultura, mas que não nos deixemos assolar por ele. Que consigamos trabalhar e gerenciar uma vida mais confortável, sem que para isso seja usurpado nosso direito de relaxar, fazer pausas ou aproveitar. Sem renunciar aos tão essenciais momentos de prazer.

E assim, talvez, possamos dar um passo atrás e entender que a vida não precisa ser uma guerra. E que ao fazer o planejado, sempre que possível, com uma dedicação e determinação suficientemente boa, já se torna viável colher os frutos do que se plantou. Mas sem abrir mão dos outros tantos aspectos significativos para nós, porque, afinal, não é preciso perder a vida, para ganhar a vida.


Bruna Richter 

Psicóloga graduada pelo IBMR e Bióloga graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui pós-graduação em Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Também é formada em Artes Cênicas pelo SATED do Rio Janeiro, o que a ajudou a desenvolver o Grupo Grão, projeto voluntário que atende pessoas socialmente vulneráveis, onde através de eventos lúdicos, busca-se a livre expressão de sentimentos por meio da arte.

Seus livros infantis “A noite de Nina – Sobre a solidão”, “A música de dentro – Sobre a tristeza” e “A dúvida de Luca – Sobre o medo” fazem parte de uma trilogia que versa sobre sentimentos por vezes vistos como negativos, mas que trazem algo positivo se olharmos para eles mais atentamente. Estes dois últimos inclusive entraram para a lista paradidática de uma tradicional escola montessoriana na cidade do Rio de Janeiro.

A ideia de escrever sobre o tema surgiu, após o nascimento de seu filho, como uma tentativa de facilitar o diálogo sobre emoções que frequentemente temos dificuldades para nomear, buscando assim acolher as descobertas que a criança experimenta psiquicamente.

A paixão pelo universo dos sentimentos infantis contribuiu também para a criação do “De Carona no Corona”, folheto educativo para crianças, relacionado à pandemia.

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