O fotografo Fernando Grilli, natural da Argentina, e com passagem pela França e pelo Brasil para cobrir o carnaval, ele comenta que essa paixão vem de berço.” Meu pai e minha mãe eram fotógrafos. O meu pai era um grande laboratorista, praticamente o que se faz hoje com o Instagram, ele já fazia, criava uma serie de coisas no chamado quarto escuro e eu me criei com tudo isso e depois com 20 anos na mídia, no rádio, jornais, revistas e finalmente televisão”.
Antes de chegarmos no tema sobre fotografia ser arte ou não, precisamos entender e dividir a arte como um todo. A arte para os Europeus é vista de uma maneira, já para os latino-americanos é observada de uma maneira totalmente diferente, causando um impacto adverso em cada sociedade.
A arte latino americana pode ser retratada como uma arte voltada para o comércio/ sobrevivência, ou seja, os artistas a utilizam como meio de captação de recurso financeiro como o objetivo principal.
“A arte nunca foi uma coisa que esteve perto da nossa civilização. Na américa latina é mais complexo, no nosso continente surgimos basicamente da batalhas de independências.”
Na Europa a arte sempre foi retratada como a extensão da beleza humana, uma maneira de expressar os sentimentos vividos em uma pintura, escultura ou correlatos da arte.
“A Europa foi o centro da nova cultura mundial, através da Grécia, da Roma e dos outros países que começaram a surgir a partir desses impérios, eles tem uma cultura muito mais entrelaçada no seu conceito familiar ou individual do que é a arte, eles praticamente se sentem, entendem a arte como um cotidiano. Você pode viver, passar uns dias em qualquer lugar da Europa e passar todos os dias, caminhar onde representaram grandes momentos da historia universal, a historia das artes é muito mais fácil de entender, permeia na sua essência, na sua concepção ideológica, filosófica e de entendimento de cotidiano.”
Com o avanço natural da humanidade e consecutivamente da tecnologia, novas formas de se entender a arte começaram a surgir perante aos que a cercavam, como por exemplo a fotografia. Desde a primeira fotografia reconhecida, que foi produzida pelo francês Joseph Nicéphore Niépce e pelos experimentos de Daguerre com sua câmera escura reproduzindo um espetáculo que ele mesmo denominou de “Diorama”, surgiu um consenso se a fotografia, poderia ser ou não considerada arte.
“Quando a fotografia se criou isso meio que não tinha mais sentido, porque você em um instante e o tempo que você demorava para plasmar isso, a placa fotográfica, resumia horas, dias, meses de um artista que pintava. Então começou uma revolução dentro da pintura, vários artistas, todos nucleados pelo o movimento do impressionismo, já dando a conclusão de que não era necessário mostrar o mundo tal qual é, e sim mostrar o mundo através dele. Um entendimento que voltou a essa raiz de criação, já não se tinha mais a obrigação de mostrar o mundo como ele é e sim o artista a dizer, eu quero mostrar o mundo como eu entendo ele, através das minhas cores, através das minhas luzes, através das minhas sombras para mostrar o mundo tal qual é, esta a fotografia e isso foi começando a atacar profundamente o mundo da arte através do movimento futurista, o dadaísmo, o surrealismo, etc…”
Fernando foi um dos inúmeros artistas plásticos que integram a atual edição do outubro rosa da AVA Galleria, trazendo em sua bagagem a fotografia, ele mistura pintura com a foto, tornando assim algo inédito.
“Então para mim, outubro rosa vai ficar no meu coração né, porque é o primeiro convite que tive por parte do curador o senhor Édson Cardoso, que me convidou para participar nessa exposição… que é o trabalho anterior como fotografo e também esse trabalho atual, que já mais como artista plástico através de ter essa técnica mista de fotografia e da pintura, retoque digital e arte algorítmico, então eu acho que essas duas artes condessam um pouco a minha raiz e um pouco o meu caminho.”
Fundada em 2005, a Ava Galleria é uma das mais conceituadas galerias de arte contemporânea de Helsinki. Localizada no corredor cultural da cidade, próxima ao Helsinki Art Museum, Taidehalli e Kiasma Museum of Contemporary Art. Organiza exposições locais e em colaboração com espaços culturais de outras cidades pelo mundo, como Osaka, Tóquio, Berlim, Londres, Porto e Rio de Janeiro. A Ava Galleria também participa, todo ano, da Artexpo New York e da International Contemporary Art Fair, no Carrossel do Louvre, em Paris e também já realizou exposições na sede da ONU em New York.