Em Pirenópolis, a manifestação cultural acontece durante a Festa do Divino. Entenda como a tradição chegou à cidade.
As Cavalhadas são celebrações importantes em várias cidades do interior do país. O que muita gente não sabe é que essa não é uma festa brasileira. Ela é inspirada nos cavaleiros da europa medieval, chegou aqui com os portugueses e foi adaptada pelo nosso folclore.
Vários de nossos festejos populares, incluindo os festejos de São João, têm origem europeia. Mas, como aqui eles ganham a nossa cara, podemos afirmar que são parte da nossa cultura. Se for conhecer Goiás, vale programar a sua viagem para a época em que ocorre a festa em Pirenópolis, uma das mais tradicionais do país.
Mas, antes de falar mais sobre a festa de Pirenópolis e como a tradição chegou lá, vamos contar um pouco mais sobre os significados das Cavalhadas e porque assistir ao evento, mesmo que você não seja religioso, é uma experiência interessante.
Conheça mais sobre as Cavalhadas
As apresentações das Cavalhadas lembram uma peça de teatro, pois são encenações que incluem rei, príncipes, princesas, embaixador, general e cavaleiros fantasiados com elementos que fazem referência à época em que aconteciam as batalhas entre cristãos (azul) e mouros (vermelho) na Idade Média.
Como em uma peça, a encenação se dá em vários atos, nos quais cada elemento tem um significado. Jogos, corridas e desfiles fazem parte das produções, que costumam ter muita pompa — até os cavalos são enfeitados —, já que muitas cidades se preparam o ano todo para a festa.
A história contada é da época da Reconquista, no conflito entre cristãos e muçulmanos (mouros). Após várias batalhas, os cristãos convertem os adversários, e é por isso que essa festa acabou ficando associada à uma celebração da Igreja Católica.
De fato, as Cavalhadas chegaram ao Brasil por meio de jesuítas da Coroa Portuguesa, que estavam em missão para catequizar quem ainda não era cristão no Brasil, incluindo escravos africanos.
A festa de Pirenópolis
A celebração das Cavalhadas é um dos cartões-postais de Pirenópolis, uma pequena cidade histórica no interior de Goiás, que recebe milhares de pessoas para assistir ao espetáculo todos os anos.
Lá, o festejo faz parte das celebrações da Festa do Divino Espírito Santo, que costuma acontecer em maio ou junho, todos os anos. As encenações duram três dias e, em cada um, é encenada uma batalha. No final, os cristãos ganham, fato que é bastante celebrado pelo público.
Conta a história que as Cavalhadas chegaram ao município em 1826, quando o padre Manuel Amâncio da Luz organizou o espetáculo “O Batalhão de Carlos Magno”. Como, naquela época, muitos portugueses exploravam os minérios e viviam na região, o evento acabou virando tradição.
O festejo é levado tão a sério por lá que a cidade se prepara com antecedência, não só para receber os turistas, mas também seguindo as encenações do ritual. Na semana anterior ao evento, músicos saem às ruas de Pirenópolis às 4 da manhã avisando que a festa está próxima.
O barulho é para “acordar” os cavaleiros, que vão para um campo encenar as batalhas da apresentação oficial. O cortejo vai passando de casa em casa até reunir toda a tropa, seguindo a hierarquia do exército das Cavalhadas.
Além da encenação, música, dança e comidas fazem parte do ritual de preparação para a festa. A Catira, que é uma dança também considerada folclórica, também faz parte desses momentos.
O espetáculo oficial acontece em um domingo, às 13 horas, no Campo das Cavalhadas, espaço construído especificamente para esse fim. Ao redor, são erguidos camarotes, de onde o público pode assistir às batalhas. Os comes e bebes ficam por conta de ambulantes, mas completam a festa. Os cavaleiros mascarados, que também são marca de Pirenópolis, fazem parte dessa celebração. Eles saem no sábado anterior pelas ruas de pedra da cidade e fazem a maior algazarra entre os turistas
