Entenda a relação do estresse com o equilíbrio hormonal da mulher

O estresse pode alterar os níveis de serotonina e dopamina, piorando condições como ansiedade, depressão e flutuações no humor

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O estresse afeta os hormônios e todo o equilíbrio do corpo ao desencadear uma série de reações, principalmente por meio da ativação do eixo hipotalâmico-hipofisário- adrenal. A ginecologista Helena Lapa (CRM-SP 221.722 e RQE 106.763) comenta que essa ativação regula a liberação de hormônios do estresse, como o cortisol, e influencia outros sistemas hormonais, muitas vezes de maneira negativa. Veja como isso ocorre:

Eixo do estresse e produção de cortisol: sob estresse, o hipotálamo estimula a liberação do hormônio de corticotropina (CRH), que ativa a hipófise para produzir o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O ACTH, por sua vez, estimula as glândulas suprarrenais a liberarem cortisol.

Impacto nos hormônios sexuais e fertilidade: a produção elevada e prolongada de cortisol pode inibir a função do hipotálamo e da hipófise, reduzindo a liberação de hormônios reprodutivos como o LH (hormônio luteinizante), o FSH (hormônio folículo-estimulante), prejudicando a ovulação e a saúde reprodutiva. Em casos graves, pode levar à infertilidade funcional devido ao desequilíbrio hormonal. A queda na testosterona também vai ocorrer, causando diminuição da libido e da disposição.

Alterações no ciclo menstrual

Segundo a especialista, os altos níveis de estresse podem causar ciclos menstruais irregulares ou até mesmo a ausência de menstruação (amenorreia), devido à supressão da ovulação pela baixa dos hormônios sexuais LH e FSH. “O estresse pode diminuir os níveis de progesterona. Esse é um hormônio importante por propiciar o bem-estar, relaxamento e sono”, aponta.

Desequilíbrios estrogênicos

Helena conta que o estresse crônico pode levar a um aumento relativo do estrogênio em relação à progesterona (dominância estrogênica), resultando em síndrome pré- menstrual (TPM) mais intensa e mais riscos para condições estrogênio-dependentes tais como: endometriose, adenomiose, miomas uterinos, cistos ovarianos, pólipos e síndrome do ovário policístico (SOP).

Relação com a insulina e hormônios da tireoide

A especialista ressalta que o estresse aumenta a resistência à insulina, contribuindo para o ganho de peso e o agravamento de condições como a síndrome do ovário policístico. “Também pode interferir na produção de hormônios tireoidianos, levando a sintomas como fadiga, ganho de peso e alterações no humor”, pontua.

Inflamação, estresse oxidativo e insulina

Conforme a ginecologista, o estresse aumenta a liberação de citocinas inflamatórias que podem desregular hormônios como a leptina e a grelina, influenciando no aumento do apetite, ganho de peso e causando mais inflamação.

Dra. Helena Lapa – Foto divulgação

Helena observa também que altos níveis de cortisol aumentam a glicose no sangue, levando o pâncreas a produzir mais insulina. Como consequência, ocorre maior risco de desenvolver diabetes tipo 2 e obesidade.

Evite o estresse

De acordo com a médica, o estresse é um mecanismo adaptativo do corpo, no qual existe uma série de reações que colocam o indivíduo num estado de alerta-vigília, visando a sobrevivência a alguma ameaça. Helena lembra que não há como a pessoa eliminar o estresse, por ser necessário para o equilíbrio do corpo.

Entretanto, ela salienta que o problema é o estresse crônico, ou seja, manter-se constantemente num estado de alerta sem uma ameaça real, podendo gerar em longo prazo uma exaustão (Burnout). A especialista compartilha algumas dicas importantes que podem auxiliar a evitar o estresse, como:

Práticas de relaxamento: ioga, meditação e respiração profunda, além de massagens, aromaterapia e banhos quentes. Todos vão aumentar a sensação de relaxamento e bem- estar.

Atividade física regular: pratique ao menos 45 minutos de atividade física, entre 3 a 5 vezes por semana. Exercícios de baixa intensidade, como Pilates e alongamento, são ideais para momentos de cansaço físico.

Alimentação equilibrada: rica em gorduras boas, fibras e antioxidantes. Evite alimentos estimulantes, principalmente se for depois das 15h, como cafeína, açúcar refinado, álcool, chá preto, chá-mate, energéticos, por poderem aumentar a ansiedade e atrapalhar o sono. Prefira incluir nozes, sementes, abacate, peixes ricos em ômega-3, frutas cítricas e vegetais folhosos. Hidrate-se bem.

Sono adequado: priorizar entre 7 a 9 horas de sono por noite para recuperação do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal. Pratique a higiene do sono, evitando telas, cafeína e refeições pesadas antes de dormir. Garanta um quarto escuro, silencioso e arejado.

Desenvolva atividades prazerosas: leia, cozinhe, pinte ou toque um instrumento que vai ajudar a desviar a atenção.

Saúde mental: cuide e fortaleça conexões sociais saudáveis.
Acompanhamento profissional: se o estresse persistir e interferir na qualidade de vida, procure ajuda de psicólogos, terapeutas e médicos. Em alguns casos, o tratamento com medicamentos pode ser necessário.

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