Em 11 de outubro, o Dia Nacional de Prevenção à Obesidade destaca a importância de ações para combater essa condição, que se tornou um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE, mais de 25% da população brasileira tem obesidade. No contexto mundial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 650 milhões de pessoas sofram com essa condição, reforçando a necessidade de políticas e iniciativas para frear esse crescimento.
A endocrinologista Luciana Oharomari enfatiza que a obesidade não é apenas uma questão estética, mas um problema sério de saúde. “A obesidade está associada a várias comorbidades, como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e até certos tipos de câncer. É uma condição que compromete a qualidade e a expectativa de vida”, alerta a médica.
Fatores que Contribuem para a Obesidade
A obesidade é uma doença multifatorial, resultante da combinação de hábitos alimentares inadequados, sedentarismo, questões emocionais e psicológicas, além da genética. Luciana Oharomari explica que “a alimentação rica em ultraprocessados e o consumo exagerado de açúcares e gorduras são fatores críticos. Mas não podemos deixar de lado o impacto do sedentarismo e da saúde mental no desenvolvimento da obesidade”.
Genética e Obesidade
A genética desempenha um papel significativo na obesidade, contribuindo para 40% a 70% do risco individual de desenvolver a condição. Esses genes estão frequentemente envolvidos na regulação do apetite, balanço energético e metabolismo. “Portanto, a genética não só influencia diretamente o risco de obesidade, mas também interage com fatores ambientais, como dieta e estilo de vida, para modular esse risco”, destaca a especialista.
A compreensão desses mecanismos genéticos e suas interações com o ambiente é crucial para o desenvolvimento de intervenções personalizadas para a prevenção e tratamento da obesidade. Intervenções precoces, como a modificação dos comportamentos alimentares parentais, podem reduzir o impacto da predisposição genética em crianças. A American Academy of Pediatrics recomenda tais ações para prevenir a obesidade infantil.
Alimentação
Uma dieta rica em frutas, vegetais, proteínas magras e grãos integrais é fundamental para prevenir e combater a obesidade. Segundo Oharomari, “é preciso fazer escolhas mais saudáveis e equilibradas no dia a dia, priorizando alimentos naturais e evitando aqueles com alto teor calórico e baixo valor nutricional”.
Exercício Físico
Além da alimentação, o exercício físico é um dos pilares do controle de peso. A OMS recomenda que adultos pratiquem ao menos 150 minutos de atividade física moderada por semana. Oharomari destaca que “a atividade física regular melhora a queima calórica, ajuda a regular o metabolismo e contribui para a manutenção de um peso saudável”.
Sono Adequado
Garantir uma duração de sono adequada é crucial, pois a privação de sono está associada ao aumento do risco de obesidade. “A qualidade e a quantidade de sono impactam diretamente a regulação dos hormônios do apetite, como a grelina e a leptina”, explica Luciana.
Saúde Mental
A saúde mental também desempenha um papel essencial na prevenção e no controle da obesidade. “Muitas vezes, a ansiedade, o estresse e a depressão podem levar ao aumento da ingestão de alimentos como uma forma de compensação emocional. Isso precisa ser tratado em conjunto, com o apoio de psicólogos ou psiquiatras, para evitar o ciclo vicioso que pode contribuir para o ganho de peso”, ressalta a endocrinologista.
Obesidade no Brasil e no Mundo
Os números da obesidade têm crescido rapidamente, tanto no Brasil quanto globalmente. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2006 e 2019, a prevalência de obesidade na população adulta brasileira aumentou de 11,8% para 20,3%. No mundo, o cenário é ainda mais alarmante, com a OMS prevendo que, até 2025, 2,7 bilhões de adultos terão sobrepeso e 1 bilhão estarão obesos.
“Estamos diante de uma epidemia global de obesidade”, afirma Oharomari. “É importante que governos e sociedades adotem estratégias de prevenção, com foco em educação alimentar, incentivo à atividade física e apoio psicológico.”
Como Prevenir a Obesidade
Para prevenir a obesidade, Oharomari oferece algumas orientações:
- Adote uma alimentação equilibrada: prefira alimentos in natura ou minimamente processados e evite produtos ultraprocessados;
- Pratique exercícios regularmente: faça caminhadas, corridas, natação ou qualquer outra atividade que movimente o corpo;
- Cuide da saúde mental: procure ajuda profissional para lidar com questões emocionais que possam impactar seus hábitos alimentares;
- Priorize a qualidade do sono: uma boa noite de descanso é essencial para a saúde geral e para o controle do peso.
Alerta para o Futuro
Com o aumento crescente da obesidade no Brasil e no mundo, é fundamental que a sociedade e os indivíduos tomem medidas preventivas para evitar complicações. “A obesidade é uma doença que não pode ser ignorada. Além de reduzir a qualidade de vida, ela impõe um risco sério para a saúde em geral. A prevenção deve ser uma prioridade”, finaliza Luciana Oharomari.