Correndo atrás do quê mesmo?

Trabalhar como fuga: O alerta de Jung

4 min. leitura

Vivemos em um tempo onde correr virou norma e correr atrás do sucesso e de dinheiro é sinônimo de reconhecimento, ou seja, algo “normótico”. Mas a pergunta que poucos se fazem é: Correndo atrás do quê, exatamente?

Neste artigo, vou explorar com você as consequências emocionais dessa “corrida” insana e incessante por validação social. Vamos falar de ansiedade, propósito, frustração e da necessidade urgente de parar para reencontrar o sentido perdido da vida.

Desde a infância somos treinados para atingir metas na escola, vestibular, faculdade, carreira profissional, status, consumo compulsivo, etc. A lógica ilógica desse processo é bem clara: “Só serei feliz quando conquistar tudo isso ou serei infeliz.”

Fritz Perls, criador da Gestalt-Terapia já dizia:

“A ansiedade é a lacuna entre o agora e o depois.”

Vivemos presos numa espécie de “depois” que nunca chega e a promessa de que o próximo passo trará a tal felicidade, que cada vez mais se revela numa cilada emocional traiçoeira.

Segundo a American Psychological Association (APA), 72% dos adultos relatam sentir estresse significativo relacionado a dinheiro e busca por status, ou seja, o dinheiro, que deveria ser um recurso, virou um agente de sofrimento.

A pressão por sucesso, somada à hiperexposição nas redes sociais, cria um ciclo tóxico de auto comparação, frustração e esgotamento físico e mental.

Barry Schwartz, psicólogo e autor de “O Paradoxo da Escolha“, demonstrou que quanto mais metas externas uma pessoa tem, maiores são os riscos de arrependimento e vazio existencial.

As suas conquistas não garantem bem-estar se não estiverem alinhadas com valores internos da mente. Buscar aprovação externa esvazia o que temos de mais autêntico: A nossa identidade, mas você ainda não conhece o seu verdadeiro eu.

Entendo que trabalhar muito pode ser uma forma de fuga que a sociedade te doutrinou ao longo dos anos. Inclusive Carl Jung, pai da psicologia analítica, já nos alertava:

“As pessoas farão qualquer coisa, não importa quão absurda, para evitar enfrentar suas próprias mentes.”

Essa corrida por produtividade, títulos e bens é muitas vezes uma forma socialmente aceita de não encarar a própria dor emocional. Isso vai explicar por que tantas pessoas bem-sucedidas relatam tédio, solidão e sensação de não pertencimento.

Aprenda que o seu tempo é o ativo mais precioso e, no fim da linha, não será o saldo bancário que vai importar. Será a qualidade dos seus vínculos emocionais, será o respeito à sua essência em paz com as suas escolhas feitas no passado.

É como nos ensinou Viktor Frankl, criador da Logoterapia:

“O homem é impulsionado pela vontade de sentido.”

Por isto, não adianta correr por correr, apenas caminhe na direção certa, olhando para dentro e sempre reavaliando as suas metas pessoais, questionando se elas são realmente necessárias ou se você está perseguindo algo que, no fundo, nunca foi realmente seu.

No fim dessa correria toda, será que você correu atrás de quê? E se hoje fosse o seu último dia, você se sentiria em paz com o que tem feito até agora?

E se essas perguntas te incomodaram, já é um bom sinal! Pois as respostas que surgirão brevemente, poderão transformar a sua história e te reconectar com o sentido real da sua vida.

Dr. Marcos Calmon

Psicólogo Clínico – CRP 32.619/05

Psicólogo Gestalt-terapeuta | Escritor | Especialista em Saúde Emocional | Palestrante

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