Do ponto de vista evolutivo, somos programados para nos proteger de qualquer ameaça que venha perturbar nosso bem estar. Na natureza isso pode ser percebido de duas maneiras mais evidentes: luta ou fuga. Quando a percepção é de que o problema pode ser enfrentado, existe então o embate, mas, caso contrário, quando se percebe que o inimigo é maior do que seria possível suportar, há a evasão.
Transpondo essa experiência para o nosso cotidiano, temos uma tendência inata de nos aproximarmos do que nos causa deleite e de nos afastarmos do desprazer. E nessa busca pelo nosso bem estar aumentamos a probabilidade de nos proteger de qualquer situação que pareça por em risco a nossa paz. Como na natureza, desviamos também do que, para nós, é considerado uma intimidação.
De certo, a vida oscila entre momentos bons e ruins, simples e complexos, fáceis e complicados – e toda a gama de possibilidade entre esses extremos. Contudo, dependendo de nosso estado afetivo conseguiremos, com maior ou menor facilidade, encarar a situação que vier a surgir. Nossas emoções exercem grande influência em nossa maneira de compreender e de lidar com os acontecimentos.
Portanto, desenvolver, a cada vez, uma percepção mais acurada dos mais diversos sentimentos que emergem é fundamental. Observar-se e buscar administrar as emoções em meio a um novo evento faz uma grande diferença. Contudo, para que isso aconteça, é necessário tranquilidade. Ela nos traz o equilíbrio necessário para que possamos racionalizar junto a esses afetos que nos atravessam.
Se é verdade que não temos controle sobre o que nos acontece, podemos influenciar nossas respostas e reações a isso, ao menos. Conectando-nos com nossa respiração, buscando o diálogo, escutando ativamente, concentrando-nos no próprio corpo podemos buscar a mudança de perspectiva tão necessária para que entendamos nossa posição diante do conflito, com o intuito de minimiza-lo ou extingui-lo.
Bruna Richter é graduada em Psicologia pelo IBMR e em Ciências Biológicas pela UFRJ, pós graduanda no curso de Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela PUC. Escreveu os livros infantis: “A noite de Nina – Sobre a Solidão”, “A Música de Dentro – Sobre a Tristeza” e ” A Dúvida de Luca – Sobre o Medo”. A trilogia versa sobre sentimentos difíceis de serem expressos pelas crianças – no intuito de facilitar o diálogo entre pais e filhos sobre afetos que não conseguem ser nomeados. Inventou também um folheto educativo para crianças relacionado à pandemia, chamado “De Carona no Corona”. Bruna é ainda uma das fundadoras do Grupo Grão, projeto que surgiu com a mobilização voluntária em torno de pessoas socialmente vulneráveis, através de eventos lúdicos, buscando a livre expressão de sentimentos por meio da arte. Também formada em Artes Cênicas, pelo SATED, o que a ajuda a desenvolver esse trabalho de forma mais eficiente.