Como desistir sem culpa?

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Somos ensinados desde muito cedo que persistir é uma virtude. Manter-se focado e determinado diante dos obstáculos é considerado algo bastante vantajoso. Insistir ainda que diante de percalços e imprevistos demonstra o grau de obstinação que se tem. Perseverar é entendido como um ato de valentia. E, por vezes, pode até ser. Contudo, definitivamente, nem sempre funciona assim.

Tão importante quanto a garra para permanecer fiel aos seus objetivos é o discernimento para compreender o momento de abrir mão. De flexibilizar em meio a metas não alcançadas, criando assim espaço para novos alvos. De se desprender de antigos desejos para encarar projetos distintos e originais. No entanto, isso geralmente acontece em meio a uma dose extra e amarga de culpa.

Isso porque associamos, de algum modo, a desistência com a derrota. E não é disso que se trata. Abdicar de uma aspiração pode, com efeito, nos ajudar a descobrir novos meios de alcançar algo positivo. Aumentar as oportunidades por alargar as nossas perspectivas. Desatar nós densos e arraigados que nos prendiam a determinadas situações nos liberando assim para outras possibilidades.

Nossa saúde mental depende muito do modo como nos movemos diante dos atravessamentos que a vida nos traz. Quanto mais conseguirmos nos adaptar aos diversos ciclos que se apresentam, maiores as chances de termos uma vida psíquica equilibrada. E, nessa direção, a permissão para escolher novamente, desenvolvendo um ajustamento criativo, pode favorecer – e muito – nosso bem estar subjetivo.


Bruna Richter  é graduada em Psicologia pelo IBMR e em Ciências Biológicas pela UFRJ, pós graduanda no curso de Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela PUC.     Escreveu os livros infantis: “A noite de Nina – Sobre a Solidão”, “A Música de Dentro – Sobre a Tristeza” e ” A Dúvida de Luca – Sobre o Medo”. A trilogia  versa sobre sentimentos difíceis de serem expressos pelas crianças – no intuito de facilitar o diálogo entre pais e filhos sobre afetos que não conseguem ser nomeados. Inventou também um folheto educativo para crianças relacionado à pandemia, chamado “De Carona no Corona”.  Bruna é ainda uma das fundadoras do Grupo Grão, projeto que surgiu com a mobilização voluntária em torno de pessoas socialmente vulneráveis, através de eventos lúdicos, buscando a livre expressão de sentimentos por meio da arte. Também formada em Artes Cênicas, pelo SATED, o que a ajuda a desenvolver esse trabalho de forma mais eficiente.

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