Banksy e a arte da resistência

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Uma exposição não autorizada pelo artista, com coleções particulares, dessas obras que marcaram uma geração como símbolo de resistência.

Banksy é o pseudônimo desse artista que escolheu permanecer anônimo, muitas são as teorias sobre sua verdadeira identidade. Mas o que se sabe é que ele foi criado em Bristol, interior da Inglaterra, onde começou nos anos 90 a desenvolver sua arte de grafite de rua. O seu trabalho cresceu a partir da cena underground de Bristol, que envolveu colaborações entre artistas e músicos. Suas características específicas, como seu humor crítico e politizado, seu traço executado em uma técnica de estêncil distinta e sua assinatura não demoraram a ganhar o mundo.

Nos anos 2000 partiu para Londres e distribuiu sua arte pelos muros da cidade, transformando a cidade em uma verdadeira obra que vale milhões em tijolos, literalmente, pois muitos muros foram removidos.
Uma de suas mais famosas pinturas “Garota com o balão” foi leiloada em 2018 por quase 5 milhões de reais e no exato momento que foi comprada, ao vivo, televisionada, ela foi instantaneamente triturada, por um triturador que estava escondido dentro do quadro. Causando um susto na sociedade, tornando Banksy ainda mais gênio e imortal. A pintura passou a valer mais na sequência, o dinheiro arrecadado foi doado para um hospital na Palestina.

Foto: Divulgação

Ele valorizou a arte de rua e estimulou muitos jovens artistas ao pensamento crítico. Durante a pandemia, no ano passado um dos metrôs de Londres acordou pintado cheio de ratos com máscaras, com traços do gênio que rapidamente tomaram todos os jornais da cidade.

Foto: Divulgação

Todo ano acontece um festival de arte de rua em Bristol que recebe artistas de todo o mundo que pintam por toda a cidade. O evento inspirado e dedicado a Banksy proporciona além da arte, um encontro político, onde a velha e a nova geração de artistas debatem as situações do mundo.

Foto: Divulgação

Sua sabedoria em permanecer anônimo o torna ainda mais genial. O seu estilo Robin Hood faz na alta sociedade, de ganhar milhões por suas pinturas e doar o dinheiro para os pobres, o torna carismático o suficiente para entrar para a história.

Ele questionou a crise migratória em diversos trabalhos, uma pintura de Steve Jobs segurando um computador da marca em uma mão e um saco preto sobre os ombros na outra, apareceu em um acampamento de refugiados em Calais, na França em 2016. Na época ele disse que a obra servia para desmistificar esse pensamento – “Muitas vezes somos levados a acreditar que a migração é um ralo nas riquezas das nações, mas Steve Jobs era filho de um imigrante sírio”.

Foto: Divulgação

Agora em maio de 2021, surgiu uma exposição em Londres não autorizada por ele, é claro, “The Art of Banksy” reunindo a maior coleção de arte privada de Banksy. Entre telas, gravuras, esculturas, serigrafias, encontram-se peças únicas e algumas das mais famosas, como “Lançador de Flores”, “Cobre Rude” e “Garota com o Balão”. Bem no centro da cidade, na rica região de Covent Garden, a ironia de um artista anárquico, ativista político, ter a capacidade de encantar os olhos de todos sem distinção. Talvez sua leveza em demonstrar a dor cause tanto impacto ao público.

Foto: Divulgação

Certo é que esse artista que também é diretor de cinema, encontrou da forma mais simples o caminho para suas obras se tornarem vitrines no mundo. O documentário de Banksy, “Exit Through the Gift Shop”, foi indicado em 2011 ao Oscar de “Melhor Documentário”. Em 2014, ele foi premiado como a Personalidade do Ano no Webby Awards.

Assim, com esse olhar distanciado, Banksy se eterniza com sua arte, seu estilo próprio, ainda trazendo a arte de rua para as melhores galerias do mundo. Sem dúvida uma revolução para o mundo artístico, que determina os “valores” da obra. Ele veio e literalmente “tirou onda” com os “jurados” da arte.

E ele ainda está por aí, rodando o mundo e a qualquer momento pode nos surpreender com seus traços de resistência.


Fernanda Magnani – Atriz, Professora de Teatro e Palestrante

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