As trilhas-sonoras mais memoráveis da última década

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Uma das coisas que mais me marcam ao assistir qualquer filme, além da narrativa incrível, é a trilha sonora. O que são diálogos em cenas majestosas sem uma música perfeita? Apenas imagine sua parte preferida do filme no mudo. Te causaria a mesma sensação epifânica? Claro que não.

Hoje tive o ímpeto de mostrar essa ideia de forma concreta, trazendo exemplos pertinentes de como uma trilha sonora pode atravessar os anos e ainda ser lembrada.

Interestelar, 2014

Divulgação

Minha trilha sonora favorita desde sempre e pra sempre. Não é novidade que Hans Zimmer faz tudo com extrema maestria e que é ansiosamente esperado por todos sempre que é anunciado como compositor de trilhas de filmes que estão pra lançar. Em Inception (2010) não foi diferente, onde a sua faixa ‘Time’ é a mais ouvida até hoje na plataforma Spotify. Mas quatro anos depois, ninguém esperava que algo seria tão inebriante quando mais um dos sucessos de Nolan foi lançado.

Não é qualquer trilha sonora para complementar cenas, mas para dar vida às mesmas. E Interestelar fisga majestosamente a ação de costurar a música à narrativa de ficção científica. São ruídos intergaláticos que crescem gradativamente com um violino inquieto e um órgão de tubos estourando os ouvidos. Um verdadeiro festim de almas com chakras equilibrados, para aqueles que ousam ter a experiência de adentrar a essa boa noite com ternura.

É inenarrável a tremenda imersão. Ao começar na primeira faixa com ‘Dreaming of the Crash’, você se deleita com a calmaria de trovões e chuva nos primeiros segundos, mas depois dando lugar ao épico órgão, trazendo um sopro semelhante ao barulho de vento e poeira. Zimmer captura toda essa peculiaridade ao redor desse seu próprio universo. É como dar voz às estrelas.

Todas as faixas se costuram umas às outras juntamente com a atmosfera da narrativa, mas essa magia dos acordes dos astros marca uma forte presença nas faixas ‘S.T.A.Y’, ‘Dust’ e ‘Where We Going’, onde a melodia do órgão é fortificada ao redor da misticidade envolvida nas descobertas de Cooper e sua equipe.

O mais interessante que o compositor alemão ousou fazer e que passou despercebido, foi um mero easter egg em ‘Mountains’, no qual a melodia possui um tique-taque proeminente a cada 1,25 segundos, assemelhando-se a sonoridade de ponteiros de relógio. Pra quê? Como a equipe de Cooper explorava o planeta Miller, que orbita um assustador buraco negro, a cada ‘tique’ representa um dia inteiro passando na Terra. E aqui, novamente, vemos um órgão angustiante e o volume da melodia crescendo de pouco em pouco de acordo com a tensão da cena, simultaneamente, é claro, com o relógio tiquetaqueando intensamente a cada minuto.

Ps.: As faixas que mais me roubam suspiros é ‘I’m Going Home’, ‘S.T.AY’, ‘Day One’ e ‘First Step’. 

Game Of Thrones, 2011

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A série da HBO teve seu fim em 2019 sendo incrivelmente memorável. Tanto pelo final ridículo, quanto com a trilha sonora impecável durante as oito temporadas. Ramin Djawadi teve o talento de construir uma jornada épica no drama, na tragédia e dor ao longo da disputa acirrada do trono de ferro de Westeros.

A música de abertura é o verdadeiro destaque de toda a série. A cada episódio era aguardado o momento de se aprofundar na notável grave melodia do violoncelo, harmoniosamente com os violinos cantando afinadamente por toda a faixa musical e tambores desbravando, com força, a cada ápice. Era perceptível que em Game Of Thrones não poderia ser permitido cair nas mãos de uma suavidade em sua trilha. Claro que o que faz isso ser mais especial, é como o tema principal foi criado, no qual Djawadi dedicou completamente em executar essa arte nada mais que com uma própria orquestra, ao invés de investir em um processo computadorizado.

Uma das faixas mais reproduzidas em seu perfil do Spotify é ‘Light Of Seven’, presente na inesquecível cena da explosão do Grande Septo de Baelor provocada pela personagem Cersei Lannister. Com quase dez minutos de duração, se inicia com uma calmaria duvidosa de notas de piano e um violoncelo que te rasga o peito, de tão profundo. Em sua metade, um coral apaziguador surge entre o melancólico piano, transformando segundos depois, num susto, em um canto mágico no meio de um violoncelo que, agora, se encontra em êxtase junto a um amargo órgão.

Outras faixas que ocupam o ranking das mais ouvidas em seu repertório, é a grandiosa ‘The Rains Of Castomere’, que conta com duas versões cantadas pelo vocalista da banda The National e a banda islandesa Sigur Rós, esse último dando um ar mais trágico à música, presente no momento que Lorde Tywin Lannister extermina a casa Reyne da cidade de Castamere; e ‘The Night King’, uma faixa com a forte presença de piano e um violoncelo crescendo de tal forma que conecte a ansiedade do telespectador à cena da longa noite, em que dá largada a chegada do — suposto — vilão da série Rei da Noite, em Winterfell.

Ps.: Como um discípulo descarado de Hans Zimmer, obviamente teria Ramin guardado, também, em um cantinho especial do meu coração. ‘Light Of Seven’, ‘Mhysa’ e ‘Lannister Always Pays His Debts’ ocupam meu top das favoritas da série, onde, inclusive, essa última é o som nítido da nobreza — um salve para minha casa Lannister!

Crepúsculo, 2008

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Podem falar o que quiserem a respeito da saga, mas não há como negar que a mesma carrega o peso de possuir uma das trilhas sonoras mais memoráveis. Depois de uma década, é impossível ouvir qualquer música dos cinco filmes e não se lembrar diretamente da obra, até mesmo aqueles que não curtem o fenômeno.

Cada álbum das cinco continuações do romance conseguiram chegar facilmente ao topo da Billboard, sendo a trilha sonora mais vendida em cada época de lançamento.

Se pegarmos nossos fones e dar play em ‘Supermassive Black Hole’ do Muse, é de se recordar instantaneamente da cena marcante dos vampiros Cullen jogando beisebol no meio da floresta, durante uma tempestade e raios estourando em nuvens cinzas carregadas de euforia. Ou também a inesquecível guitarra de ‘Decode’ do Paramore, o piano depressivo de Sleeping At Last com ‘Turning Page’ no casamento de Bella e Edward, a que proclamam ser um saco — mas que, se começa a tocar, cantam de cor e salteado — ‘A Thousand Years’ da Christina Perri, que finaliza a saga nos créditos; a incrível ‘Clair de Lune’ de Debussy; e a reconfortante ‘Bella’s Lullaby’, faixa principal do casal.

Bom, uma trilha sonora que contém St Vincent, Bon Iver, The Killers, Linkin Park, Florence + The Machine, Bruno Mars, Iron & Wine, Lykke Li, entre outros vários intérpretes, seria impossível de não ser memorável e atemporal.

Ps.: Minhas músicas preferidas da saga, de todo coração, são ‘Possibility’ da sueca Lykke Li e ‘Rosyln’ do dueto Bon Iver e St Vincent. Completamente inesquecível.

Ana Luiza Portella – estudante de jornalismo

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