A taça quebrou. E agora?

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Muitas pessoas pensam que podem remendar situações que foram esgarçadas pelo tempo. Mas há situações que acontecem em nós, em que o tecido emocional foi agredido e, por isso, se tornou vulnerável demais para receber nova costura. Daí, pensamos em botar um esparadrapo como forma de contenção de algum escape na ferida, ou como forma de disfarçar o “problema”. Como costumamos dizer ainda: “a taça quebrou”, e juntar caquinhos é muito difícil, conviver e viver com uma taça remendada se torna quase impossível. O conteúdo anterior, sorvido com tanto prazer, não pode ser mais contido, escapa pelas frestas, pelo desinteresse, pela animosidade, pela falta de compreensão e carinho. Então, a pessoa se pergunta: como cheguei a tal situação? Como me permiti me ferir tanto?

Quando você acha que as coisas ainda têm solução

Somos sujeitos que em geral buscam por segurança. Tentamos manter os eventos sob controle para nos sentirmos um pouco menos abandonados. E em nossas relações amorosas também é assim. Você pensa que pode colar caquinhos, emendar o que está fora do lugar, ou o que acha que está. Mas muitas vezes, não há o que acertar. No fim das contas, os números é que não batiam já desde o início, mas a gente não via. A paixão cega, é pulsão, é inconsciente, aliás, ela não é apenas cega, mas nos faz enxergar o outro como se fosse um espelho de nossa próprias vontades e carências.  No mais das vezes, é nosso inconsciente que faz como que vejamos no outro tudo o que de alguma forma vivenciamos afetivamente um dia.

A repetição tende a recorrer ao que identificamos como prazeroso para nosso psiquismo, ele reconhece uma situação já vivida e se apoia nela para promover conforto e segurança, mesmo que seja “falsa”. Se recebemos muito amor e atenção, costumamos aceitar isso do outro;  se, conflitos  e desafetos, o que geralmente já aconteceu, repetimos essa sensação pois é ela que nos faz sentir como éramos amados. Portanto, é o inconsciente que “rege” nossos impulsos para isso ou aquilo, para o que chamamos normalmente “escolhas”. Quanto menos elaborarmos nossas questões afetivoemocionais, mais movidos pelo inconsciente seremos.

Há coisas que não funcionam mais na sua vida, então, por que você insiste nelas?

taça quebrou

Se já vimos que o inconsciente tem um peso grande em nosso modo de viver e ver e vida, podemos dizer que ele sobredetermina, de certa maneira, a aparição e reaparição dos acontecimentos marcantes que constroem nossa existência. Carregamos muitas vezes dores de um abandono latente ou trazemos uma interpretação truncada sobre elas, e é difícil mesmo lidar com cada experiência vivida. Uma análise é importante exatamente para que possamos entrar em contato com nossas idiossincrasias e elaborar questões de foro íntimo que desconhecemos.

Então, se você está passando por alguma circunstância ou sofrimento que não consegue identificar de onde vem, ou quer entender como pode fazer para deixar de se sentir assim, seria muito interessante procurar ajuda profissional. Quem sabe você desiste de colar taças e consegue pensar ao menos em adquirir novas?

Se você gosta de meu trabalho, dê-me o prazer de conhecer

meu livro novo “A Felicidade de Florbela”

no site da editora Pangeia em promoção de lançamento:

Janice Mansur é escritora, poeta, professora, revisora de tradução,

Psicanalista  (atendendo online) e

criadora de conteúdo no Instagram@janice_mansur 

e no canal Better and Happier https://www.youtube.com/@betterhappier7501

Contemplada no Tof of Mind Awards Internacional UK 2022,

 na categoria Escritora Destaque do ano. 

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