A importância de se reconhecer vulnerável

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O mundo exige que consigamos suprir tudo o que nos é demandado. Faz isso de forma imperiosa, continuada e urgente, como se nosso sucesso dependesse ininterruptamente da estabilidade das diversas exigências, dentro dos diferentes setores, que compõe as várias áreas de nossas vidas. Por vezes parece que somos equilibristas, levantando pratos no ar, enquanto jogamos bolinhas, balançando um bambolê e pulando corda em um pé só sobre pernas de pauamarradas em patins. Seria essa metáfora um exagero?

Caso levemos em consideração que nos encontramos em um período cada vez mais impiedoso e veloz – que nos obriga a consumir novas informações de uma forma nunca pensada anteriormente, conjugada com o pedido de excelência no desempenho profissional, com o pleno equilíbrio emocional e com o domínio completo das técnicas existentes – possivelmente não. Se acrescentarmos a isso todos os outros papeis que assumimos diante da vida, como cônjuges, pais, amigos, filhos e membros da comunidade então, parece inclusive que a simbologia do malabarista seria apenas uma encurtada sinopse do exercício diário que nos vemos impelidos a executar.

Mas numa época que nos exige dar conta de tantas atividades simultâneas, qual espaço nos sobra para as nossas fragilidades? Se reconhecer vulnerável num primeiro momento parece contrariar inteiramente o que é esperado de nós. Em geral, esse é um sentimento que costumamos negar ou suprimir, muitas vezes pelo medo da discriminação ou da censura. Contudo, na contramão do que se espera, os estudos mais recentes sobre o assunto demonstram que está exatamente nessa indefensabilidade nossa condição humana, e, por conta dela, conseguimos desenvolver laços afetivos mais consistentes e duradouros, inclusive em ambientes corporativos.

Assim, apensar de ser indispensável muita bravura para assumir essa posição de risco, expressa-la de forma autentica e natural, deixando de lado a aversão pela imperfeição, nos possibilita integrar equipes mais produtivas, repletas de confiança, amparo e empatia. Através de sua disponibilidade emocional as conexões mais profundas se estabelecem possibilitando crescimento contínuo e progressivo. Enfim, somos todos vulneráveis. E que sorte!

Sobre a autora

Bruna Richter  é graduada em Psicologia pelo IBMR e em Ciências Biológicas pela UFRJ, pós graduanda no curso de Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela PUC.     Escreveu os livros infantis: “A noite de Nina – Sobre a Solidão”, “A Música de Dentro – Sobre a Tristeza” e ” A Dúvida de Luca – Sobre o Medo”. A trilogia  versa sobre sentimentos difíceis de serem expressos pelas crianças – no intuito de facilitar o diálogo entre pais e filhos sobre afetos que não conseguem ser nomeados. Inventou também um folheto educativo para crianças relacionado à pandemia, chamado “De Carona no Corona”.  Bruna é ainda uma das fundadoras do Grupo Grão, projeto que surgiu com a mobilização voluntária em torno de pessoas socialmente vulneráveis, através de eventos lúdicos, buscando a livre expressão de sentimentos por meio da arte. Também formada em Artes Cênicas, pelo SATED, o que a ajuda a desenvolver esse trabalho de forma mais eficiente.

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