Em uma economia globalizada como a que temos estabelecida a pelo menos o último meio século, é natural que muitas empresas considerem expandir suas atividades para o exterior como uma estratégia de crescimento. Feito de maneira planejada e com os meios adequados, esse tipo de amplificação pode trazer grandes benefícios, como aumento de market share e diversificação de clientes e atividades.
Estrategicamente, é importante que o empresário avalie quais benefícios podem ser consolidados para o sucesso no mercado internacional, como redução do risco cambial e melhor eficiência tributária. “Devem ser considerados aspectos como a ampliação do portfólio de clientes, exposição global da marca, criação de barreiras de proteção à atuação dos concorrentes internacionais, redução em escala de custos operacionais, processos concorrenciais externos, novas tecnologias e formação de um time com experiência e melhor formação”, explica Gustavo Oliveira, doutor em Políticas Públicas, docente e coordenador da Faculdade Santa Marcelina.
E para ajudar nesta missão, o especialista listou seis informações indispensáveis para uma possível expansão em terras exteriores.
Por que apostar no exterior?
De acordo com o docente, o cenário nacional é desafiador, com fatores de risco como a retomada da inflação e dólar em alta, véspera de eleições, risco fiscal, instabilidade social e expectativa de alta dos juros nos EUA. “O mercado norte-americano é mais robusto, oferece uma gama de maiores oportunidades e consistentemente entrega resultados positivos aos investidores”, explica.
Em linhas gerais, a diversificação de investimento internacional é bem-vinda e vista com olhos. “Do contrário, o empresário investidor fica exposto apenas aos riscos do mercado brasileiro e deixa de buscar outras possibilidades de ganho em países desenvolvidos, que apresentam um crescimento maior do que o nosso e oferecem uma solidez melhor, como os Estados Unidos e a China”, aponta Gustavo.
O cenário adequado
O cenário mais adequado para que uma empresa dê esse salto seria aquele com segurança em sua operação para que tenha condições de disputar em condições de igualdade ou superior de mercado e, assim, expandir sua lucratividade. “Outra circunstância favorável é quando se possui parceiros internacionais, visto que a demanda compartilhada fraciona e mitiga o risco”, explica o professor. “Outro contexto a se considerar é quando há capital e aporte suficiente para acompanhar (e suportar) as oscilações, aproveitar as oportunidades e, na condição de entrante, demonstrar-se como substituta de empresas com processos clássicos e tradicionais, oferecendo vantagens competitivas para os clientes”.
Como fazer?
Existem cuidados que são mandatórios ao se levar uma empresa brasileira ao exterior, como verificar se o cadastro das Classificações Nacionais de Atividades Econômicas (CNAE) no CNPJ possuem correspondência no país de destino, considerando que a empresa deva ter as mínimas condições para internacionalizar sua operação. “Em casos específicos, será preciso efetuar mudanças em seu regime tributário para que se possa alcançar melhor performance e ter maior eficiência ao operar fora do país”, alerta o professor, que considera essas como condições preliminares.
No entanto, o próximo passo para a tomada de decisão é realizar uma pesquisa de mercado, com a finalidade específica de analisar a viabilidade do negócio no país escolhido. “Como a abertura de uma empresa no Brasil, esse tipo de estudo é decisivo para engajar ou não em um novo empreendimento”, explica.
As vantagens
Levando em conta o cenário de elevados impostos, custos e burocracias para a abertura e manutenção de uma companhia no Brasil, as vantagens no exterior podem ser muitas. O primeiro benefício seria a expansão em um mercado novo e ávido por originalidade – seguido por condições tributárias e cambiais, diferenciadas e diversificadas. “A empresa não permanece refém de cenários de instabilidade econômica, social e política existentes em seu país de origem”, aponta o especialista.
Outras vantagens destacadas por Gustavo são aumento da produtividade, redução da dependência do mercado interno e maior lucro em épocas de crise, além do fortalecimento da imagem da empresa, que alcança outro patamar em relação aos concorrentes quando se torna internacional, passando a ter status e visibilidade global.
Os riscos
No entanto, nem tudo são flores – especialmente quando se considera que, assim como no Brasil, haverá aspectos legais e regulatórios no país de destinação que poderão ser desafiadores. “A legislação local é algo indispensável para se conduzir uma empresa com segurança, além das questões envolvendo políticas públicas e relacionamento com os órgãos fiscalizadores e de governo”, explica.
Será imprescindível ainda conhecer os aspectos formais de relacionamento laboral e contratual com gestores, fornecedores, importadores, escritórios de representação e despachantes aduaneiros, distribuidores e colaboradores em geral. “O empresário deverá ter domínio das condições econômicas e de concessão de crédito, visando a proteção do negócio e sua sustentabilidade, além de conhecer e participar, ainda que indiretamente, do processo decisório político local” comenta o professor.
Para onde ir?
Atualmente, com a grande crise econômica prevalente no mercado europeu, China e Estados Unidos são, cada vez mais, destinos escolhidos pelo empresariado brasileiro. Na Europa, ainda são válidas as condições recentes e mais favoráveis na Suécia, Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Alemanha, Irlanda e Suíça. “O Reino Unido, apesar de toda a polêmica e indefinições envolvendo o Brexit, ainda é um dos países mais empreendedores do mundo”, explica Gustavo.
No entanto, o docente afirma que a melhor maneira de escolher um país que ofereça as condições mais adequadas é pesquisando e consumindo informações atualizadas e com contexto histórico daquele país, por meio de indicadores de performance, sustentabilidade, desenvolvimento humano, balança comercial, índice de emprego e desemprego e crescimento econômico em período recente. “O principal ranking para analisar a facilidade de se realizar negócios em um determinado país é o disponibilizado pelo Banco Mundial, onde quase 200 economias são classificadas, segundo os critérios de análise”, finaliza.
Sobre a Faculdade Santa Marcelina
A Faculdade Santa Marcelina é uma instituição mantida pela Associação Santa Marcelina – ASM, fundada em 1º de janeiro de 1915 como entidade filantrópica. Desde o início, os princípios de orientação, formação e educação da juventude foram os alicerces do trabalho das Irmãs Marcelinas. Em São Paulo, as unidades de ensino superior iniciaram seus trabalhos nos bairros de Perdizes, em 1929, e Itaquera, em 1999. Para os estudantes é oferecida toda a infraestrutura necessária para o desenvolvimento intelectual e social, formando profissionais em cursos de Graduação e Pós-Graduação (Lato Sensu). Na unidade Perdizes os cursos oferecidos são: Música, Licenciatura em Música, Artes Visuais, Licenciatura em Artes Plásticas e Moda. Já na unidade Itaquera são oferecidas graduações em Administração, Ciências Contábeis, Enfermagem, Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Tecnologia em Radiologia e Tecnologia em Estética e Cosmética.