Você acha que pode ser feliz sem ser solidário?

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Ser solidário é saber se doar, é ter um desprendimento de ordem afetivo-emocional ou material. Isso pode acontecer em atitudes de ação voluntária, de apoio psicológico, a causas sociais com suporte emocional ou  com a arrecadação e distribuição de alimentos, produtos de higiene pessoal, roupas, quando alguém apoia o outro ou uma causa. Como costumo dizer com relação ao amor, solidariedade se aprende. Se você nascesse em um ambiente disfuncional, inadequado para a expressão de suas potencialidades, cercado de pessoas que praticam ações funestas, têm comportamentos, regras e rotinas que comprometem a qualidade de vida delas e o vínculo afetivo−emocional e o bem-estar das que nele habitam, você teria, provavelmente muito mais dificuldades de se tornar uma pessoa solidária. Até porque você já não teria modelos apropriados para reproduzir essa representação, concorda?

Rousseau, pensava que o homem era um ser naturalmente bom, porém Freud, médico e pai da psicanálise, a partir de seus estudos e prática, entendeu que o homem nasce sem registro do senso moral, e que aos poucos vai se constituindo um sujeito, incorporando dinâmicas da família ou sociedade à qual pertence. Ao nascer, a criança só reconhece dor e prazer, mas, conforme ela vai crescendo, surgem registros que serão desenvolvidos de maneira subjetiva. A sociedade em que nos encontramos, bem como o lar ao qual pertencemos traz para a criança regras, costumes e possibilidades para civilizar-se (ou não) de forma sistematizada. Assim, ela pode crescer e se tornar efetivamente solidária (e tudo o mais) por meio da renúncia do prazer imaturo e imediato, o que geralmente não é ensinado, mas que o ambiente e seu próprio amadurecimento podem propiciar. 

O processo de humanização depende de um reconhecimento recíproco. O reconhecimento do outro humano como semelhante, mas ao mesmo tempo desigual, inaugura a função da alteridade, e dela derivam alguns motivos éticos. Na alteridade surge a tolerância e o respeito às diferenças, traços comuns de uma individualidade, marcas de um sujeito que está sempre se fazendo e refazendo cotidianamente. Antropologicamente, alteridade é o meio pelo qual é possível enxergar nas outras culturas as suas especificidades, evitando o prejulgamento. Assim a alteridade reside também no fato de que você deve reconhecer e respeitar a história e o trajeto de cada pessoa sem julgá-la. O “pré-conceito” é uma forma de não reconhecer as diferenças.

Poderíamos pensar também, no que se refere à solidariedade, que haveria na natureza humana, uma necessidade de ser bem visto pelos outros, de pertencimento a um grupo ou à sociedade com busca por aceitação externa, necessidade de conexão, o que pode gerar o questionamento sobre ser a solidariedade “inata” ou, por que não, provinda do ambiente como falamos anteriormente. Como o psicanalista Wilfred Bion diz que nascemos antes no pensamento que na carne, que somos falados antes mesmo de sermos gerados, já vamos passando pelo processo de formação psíquica, e se nascemos em uma família que acredita ser a solidariedade necessária ao bom desenvolvimento psíquico, podemos realmente alcançar essa virtude.

O que solidariedade pode ter a ver com felicidade?

Nisso tudo, podemos incluir a questão da solidariedade, pois é muito difícil que sem alteridade, sem educação para o afeto, sem o entendimento que não se deve julgar, se consiga ser solidário com seu próximo. Mas, qual relação entre solidariedade e felicidade? − você me perguntará. Por dedução, penso que quando você tem pessoas precisando de seu apoio (ou acolhimento), ao se solidarizar com sua dor e com seus problemas, você consegue amenizar esse sofrimento, deixando-a menos triste, ou mais feliz, como queira pensar. Se alivio um pouco o peso da cruz que a pessoa carrega, posso compartilhar dessa felicidade que ela passará a experimentar. Numa via de mão dupla, ao mesmo tempo que ajudo, sou ajudado. A solidariedade pode ser um amparo nos tempos difíceis e pode me ajudar, portanto e ter momentos felizes por meio dela. 

E para você, como você poderia alcançar a felicidade?

Para Florbela a felicidade se escondia nas pequenas lições que a vida pode nos oferecer, nas amizades conquistadas (sabendo que cada amigo só pode nos dar o que tem e tudo tem limite), no dia a dia, apesar de seus percalços, no contato com a natureza… Você me perguntará: mas, quem é Florbela? Florbela é a personagem central de meu novo livro dotada de um carisma e inteligência sutil cuja expressão e comportamento funcionam como certo espelhamento de pessoas da vida real. Com essas personagens que são animais, busquei trazer leveza ao texto e não gerar um compromisso com a realidade propriamente dita, pois o texto é uma ficção que enfoca questões importantes, tanto psicológicas como sociais a serem debatidas, mas é arte.

A felicidade de Florbela é, então, agora você já sabe, meu mais recente livro de literatura infantojuvenil intuído e elaborado para a diversão e para o desenvolvimento das percepções e do amadurecimento do ser (estejamos nós em qualquer fase da vida). Por isso, ele abrange temas relevantes não só para este público como para pessoas que mesmo sendo adultas gostam de se divertir com “desenhos animados”, por exemplo. Ele traz um texto leve, porém com conteúdo denso.

Para mim, literatura é prazer e fruição, é divã e tobogã, é trampolim para se pensar na vida. A literatura trabalha a linguagem ricamente, terreno do que somos compostos. Quando leio um livro e ele me fala do outro, ela me ajuda a olhar para o outro e sentir que ele também passa por situações parecidas, em virtude de nossa mesma condição humana,  apesar de sermos diferentes, isso me faz perceber que todos queremos, na verdade, acolhimento, amor e felicidade. Quem não?

Então, eu retorno para você a pergunta: por que preciso correr atrás da felicidade, se ela está principalmente dentro de mim?

#pensenisso #aprenderéparatododia (visite)

Se você quer conhecer a Florbela e  saber de sua história entre no portal da Editora Pangeia https://editorapangeia.com.br/a-felicidade-de-florbela-para-criancas-jovens-professores-maes-familia/

E para adquirir o livro com um superdesconto promocional https://editorapangeia.com.br/product/a-felicidade-de-florbela-florbellas-happiness-janice-mansur/

Beeeiju e obrigada.


Janice Mansur é escritora, poeta premiada, professora, revisora de tradução,
criadora de conteúdo e psicanalista  (atendendo online).
Contemplada no Top of Mind Awards Internacional UK 2022,
na categoria Escritora Destaque do ano. 

Canal do YouTube: BETTER & Happier Instagram: @janice_mansur

Foto: rawpixel.com

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