Empresário Nilo Lima, à frente da loja Mirian Macedo, revela os bastidores e protocolos por trás do aluguel de peças de alta-costura para o grande dia
Alugar um vestido de noiva é uma alternativa elegante e econômica para quem sonha com um modelo assinado por grandes grifes internacionais e, ao mesmo tempo, quer otimizar o orçamento do casamento. Mas antes de vestir uma peça digna de passarela, é preciso estar ciente de que o luxo vem com responsabilidade.
É o que alerta o empresário e fotógrafo Nilo Lima, nome por trás da sofisticada Mirian Macedo, loja especializada em vestidos de noiva em Viçosa (MG), representante das grifes Rosa Clará, Pronovias, Fara Sposa e Villais. “Nossas noivas são mulheres que prezam pela leveza, elegância e caimento impecável. O vestido que elas escolhem é quase uma obra de arte. E, como tal, exige cuidado e zelo”, explica.
Apesar de não exigir nenhum perfil específico para o aluguel, a MM se destaca justamente por atrair noivas que valorizam o estilo minimalista, com rendas delicadas e modelagens sofisticadas. “Não são aquelas que procuram vestidos muito pesados ou carregados de bordados. É outro tipo de estética”, diz Nilo.
Mas mesmo em meio a clientes cuidadosas, a loja passou a incluir nos contratos cláusulas específicas sobre danos e limpeza. “Temos um protocolo de entrega, no qual revisamos cada detalhe com a noiva e deixamos claro o valor do vestido. Caso haja algum dano irreparável, o vestido precisa ser vendido para ela”, explica o empresário.
Reparos possíveis também são cobrados conforme a avaliação técnica.E os cuidados não param por aí. Recentemente, a loja passou a aplicar uma taxa adicional de limpeza para casos em que o vestido retorna com excesso de sujeira, comum em cerimônias realizadas em sítios, praias ou montanhas. “Incluímos essa cláusula há menos de um ano. Demoramos para adotar, mas percebemos que educa as noivas a cuidarem melhor de uma peça que precisa durar e retornar o investimento previsto.”
Na semana passada, a loja recebeu um vestido em estado crítico. “Estava com a barra suja, o que é normal, mas também com marcas de barro no busto e corpo inteiro. Quando perguntei à noiva, com toda educação, se ela havia rolado no chão, ela respondeu que dançou a coreografia de ‘Envolver’, da Anitta”, conta Nilo, entre risos e preocupação.
O vestido teve fios puxados e danos estruturais, e agora está sendo avaliado por costureiras e especialistas para decidir se ainda poderá voltar às araras. “É uma situação delicada. Como empresa, não podemos arcar com esse prejuízo. Mas como ser humano, entendemos a frustração. Por isso, conversar com a noiva é essencial, e também educa outras mulheres sobre o valor e o cuidado que um vestido alugado exige.”
Apesar desse episódio, casos graves ainda são raros no ateliê. “Graças a Deus, nunca tivemos que cobrar valores altos por danos ou vender o vestido após o uso. As noivas que nos procuram costumam ser muito cuidadosas”, reforça Nilo.
Com mais de uma década à frente da marca, ele segue apostando na combinação entre curadoria apurada, atendimento próximo e informação transparente. “Alugar um vestido de grife é viver um sonho, mas também é um compromisso com outras noivas que virão depois. E isso faz parte da beleza desse ciclo.”
