Um conto sobre possibilidades

3 min. leitura

Quais são os seus ‘’E se?’’ Quer dizer, aquilo que você nunca fez talvez porque não quis ou não teve oportunidade, mas anos depois se questiona que rumo teria tomado se tivesse feito tal coisa. 

Aqui em Sleep On The Floor, música lançada em 2016 pela banda The Lumineers, a personagem principal se encontra devastada com a perda de seu pai. Deslocada de si e de tudo ao seu redor. Seu grande amor, como proposta, a desafia a fugir da cidade com ele, a fim de desbravar juntos o mundo lá fora e viver essa chance que foi dada a eles. E ainda completa que se não escapassem naquele momento, talvez nunca mais conseguiriam, sendo fadados a viverem sufocados naquele lugar no qual não sentiam mais um pertencimento. 

A garota hesitou por um momento, imaginando o que aconteceria se ela aceitasse aquela proposta. Imaginando o que seria sair por aí sem rumo descobrindo um mundo com o amor da sua vida. Nesse instante, Sleep On The Floor começa, quando o ”E se…” a instiga e a encoraja a correr até ele e aceitar o desafio. 

Estradas e mais estradas, então, acompanham o casal. Noites são dormidas no carro — que compraram de um desconhecido — ou em hotéis baratos. Quando a luz do sol invade suas cortinas, logo estão de pé para continuarem sua jornada, entrando uma cena cômica do casal escovando os dentes com os dedos, sendo uma ironia em relação a um verso da música que diz ‘’’Pegue sua escova de dentes, querida”. 

Durante essa viagem os dois não só conhecem o mundo que os cercam, mas também pessoas. Pessoas em restaurantes de estrada, em caronas, em festas. Diversas delas, e cada uma com suas peculiaridades que os fascinavam. Mas tudo isso realmente aconteceu ou apenas foi uma miragem aos olhos da personagem principal? 

 Não, não foi real. Ela escolheu ficar. Ficar na cidade. 

Mesmo imaginando todos os ”E se…” possíveis, ela ficou. E é interessante como de alguma forma o vídeo nos remete a algum momento semelhante em nossas vidas. Quantas vezes já paramos para pensar nessas possibilidades do que poderá acontecer se tal caminho for escolhido ou pensar no que talvez teria acontecido se tivesse o escolhido quando a chance apareceu? Será que podemos afirmar sobre esse angustiante efeito borboleta? Talvez se prestarmos bastante atenção no silêncio que nos rodeia, podemos escutar o bater de asas dessa borboleta. O melancólico som das escolhas já decididas por nós, mas não encorajados o suficiente para dizer em voz alta, fazê-lo.


Ana Luiza Portella – estudante de jornalismo

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