Sexo sem compromisso: será que existem pessoas sem sentimentos?

3 min. leitura

Relacionamentos casuais e a troca frequente de parceiros tem se tornado atitudes cada vez mais frequentes entre os solteiros que estão “na pista”, mas não querem se apegar.

Aquele discurso de “pego e não me apego” até parece ir de encontro com a teoria de Zygmunt Bauman, filósofo e sociólogo, que publicou estudos referentes ao amor líquido. Seriam esses, amores supérfluos, sem vínculos emocionais e pouca ou nenhuma responsabilidade afetiva?

“A escolha por não estabelecer vínculos profundos nem sempre é exatamente uma escolha. Podem existir processos inconscientes de evitação envolvidos nesse comportamento. Em algumas fases da vida é natural que a pessoa esteja com a energia mais voltada para si e não se interesse por aprofundar relacionamentos, como após uma ruptura, por exemplo.  Mas quando isso se torna algo crônico ou inegociável pode sinalizar para um comportamento defensivo fixado, ou seja, um padrão tipificado de resposta traumática.”, explica Ediane Ribeiro,  psicóloga especialista em traumas e formadora de terapeutas em cuidado informado sobre trauma.

Esses padrões defensivos podem gerar uma redução na habilidade para criar vínculos e para estabelecer relações baseadas em intimidade e comprometimento, sejam elas relações sexo afetivas, de amizade ou familiares. Mas como nem sempre a pessoa terá consciência de que está sendo impactada por medos como rejeição e abandono vividos no passado, o comportamento evitativo pode ser assumido por ela como sendo uma escolha ou um jeito de ser.

“Quando uma pessoa passa por uma experiência traumática envolvendo relacionamento e vínculo ela pode desenvolver um tipo de bloqueio, que informalmente chamamos de anorexia emocional. Em analogia com a anorexia alimentar, o que acontece é uma evitação daquilo que é visto como uma ameaça. No caso da anorexia emocional, evita-se o vínculo para evitar dores e frustrações de uma possível rejeição ou término. Não é que a pessoa não quer se relacionar, ela simplesmente não consegue. Sua habilidade para estabelecer vínculos afetivos foi bloqueada.”, relata Ediane Ribeiro. 

A psicóloga complementa ainda relatando que a experiência passada que gerou a anorexia emocional pode ter sido vivida na relação com os cuidadores nos primeiros anos de vida e a pessoa nem se lembrar dela. Experiências como negligência, abuso, violência, educação excessivamente rígida e exigente, decepções recorrentes nas relações são algumas das experiências que podem estar envolvidas no padrão de evitação de vínculos afetivos na vida adulta.

Deixe um comentário
Cadernos
Institucional
Colunistas
andrea ladislau
Saúde Mental
Avatar photo
Exposição de Arte
Avatar photo
A Linguagem dos Afetos
Avatar photo
WorldEd School
Avatar photo
Sensações e Percepções
Marcelo Calone
The Boss of Boss
Avatar photo
Acidente de Trabalho
Marcos Calmon
Psicologia
Avatar photo
Prosa & Verso