‘Rolé’ revisita marcos da Independência do Brasil em passeio no centro do Rio

10 min. leitura

O projeto cultural Rolé, que comemora 10 anos em 2022, realiza no sábado, dia 24
de setembro, às 10h, um passeio especial revisitando uma outra importante data
aniversariante: o Bicentenário da Independência do Brasil. Ao longo de uma
década, o Rolé apresenta a cidade e sua história a partir de diferentes pontos de
vista. O Rio de Janeiro, em especial o centro da cidade, foi palco de múltiplos
acontecimentos que marcaram a história do Brasil, e suas ruas, praças, instituições
e monumentos nos permitem percorrer diferentes tempos e narrativas que se
somaram, oscilaram ou se anularam para emergir novos símbolos na criação da tal
identidade nacional.

O passeio se inicia na Praça Tiradentes e segue até a Praça da República (ou Campo
de Santana). Ao longo do trajeto testemunhamos a coexistência espacial de
diferentes tempos, símbolos e narrativas. Ao pensar o bicentenário da
Independência, privilegiamos uma abordagem que entende a cidade como um palco
de disputas, onde algumas narrativas são tidas e celebradas como História única
enquanto outras são apagadas ou deixadas de lado. Propomos levar os rolezeiros a
uma viagem no tempo, questionando, a todo momento, que independência foi essa.

O roteiro vai seguir pelas ruas do Centro do Rio buscando, a cada ponto, questionar
não apenas a Independência, mas o Brasil que se constrói a partir dela. Avenida
Passos, Rua Uruguaiana, Igreja de São Jorge, Igreja do Rosário, Biblioteca Parque,
Monumento Zumbi dos Palmares, e outros pontos carregados da história do Rio e do
Brasil serão explorados. O destino final será o famoso Campo de Santana, conhecido
também como Praça da República, onde foi realizada a aclamação de Dom Pedro
como Imperador do Brasil, e que também representa uma colisão entre dois mundos
(a Cidade Nova e a “cidade velha”, a chegada e a saída do Centro). O roteiro,
guiado pela equipe de historiadores do Rolé, vai levar os rolezeiros em uma
verdadeira aula ao ar livre sobre o contexto histórico da época, personagens
“esquecidos” e as principais consequências do marcante evento de 200 anos atrás.

“O Rolé entende a Educação Patrimonial como um instrumento de ‘alfabetização
cultural’ que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia,
levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-
temporal em que está inserido. O patrimônio cultural é um bem inalienável de seu
povo, e é imprescindível para a formação e compreensão da identidade e da história.
Além dos tradicionais roteiros por bairros, o Rolé tem uma série de roteiros
temáticos que buscam apresentar a cidade a partir de um recorte narrativo, e o Rolé
Bicentenário é um desses mergulhos em uma temática específica e uma
oportunidade imperdível para entendermos como os processos da Independência
refletem as dinâmicas atuais do país”, destaca Isabel Seixas, idealizadora e diretora
do Rolé.

Apesar de ser considerado o momento mais simbólico para a soberania do Brasil
como nação, a Independência foi também um ato repleto de contradições. Isto
porque, mesmo independente, o país seguiu governado por um português, a
escravidão não apenas continuou, mas intensificou-se, enquanto os muitos povos
indígenas permaneceram em conflitos que perduram até os dias atuais. Afinal,
ainda com tantos conflitos e divergências, quem realmente se beneficiou após o 7
de setembro de 1822? Quem foi excluído do processo? Por que a Independência do
Brasil não está ligada à ideia de liberdade? E quantos “Brasis” distintos começaram
a surgir depois dali? Essas e outras valiosas questões para o entendimento do Brasil
atual serão levantadas e discutidas no passeio do Rolé do dia 24 de setembro.
Além do passeio presencial, dois vídeos sobre o tema irão integrar em outubro o
canal do youtube do Rolé. O primeiro será mais um episódio da série “Rolé Visita”,
em que toda a narrativa do passeio é passada para o vídeo. O segundo, “Oficina
para Professores”, conduzido pelo professor Diego Rogero, tem como objetivo criar

agentes multiplicadores dos conteúdos. A proposta é produzir uma vídeo-oficina
para dar dicas e orientações de como usar a metodologia e os conteúdos do projeto
dentro e fora da sala de aula.

Rolé marca presença em lançamento literário!

Reafirmando sua essência multidisciplinar, o Rolé participa do lançamento do livro
“A Casa do Grito”, de Guilherme Macedo, vencedor do prêmio literário 200 anos de
Independência da Secretaria Especial de Cultura e um dos finalistas do Prêmio Caio
Fernando de Abreu em 2021.
O livro, que será lançado dia 18 de setembro, no Museu da República, no Catete,
utiliza a casa de taipa que aparece no quadro “Independência ou Morte!”, do pintor
Pedro Américo (1843-1905) como pano de fundo para seu romance e seus
personagens, a maioria fictícios. Mistura ainda a realidade e a invenção em torno
dessa casa. Chamada de “Casa do Grito”, a construção existe e fica próxima ao
Museu do Ipiranga, em São Paulo, só que ela foi modificada diversas vezes para se
parecer com a casa do quadro.

“A ideia é brincar com a criação desses mitos nacionais, principalmente neste
momento em que se celebram os 200 anos da independência do Brasil, e discutir o
que pode ter acontecido e o que foi deliberadamente inventado para caber nessa
mitologia”, explica o autor, que já foi roteirista do Porta dos Fundos e do
Multishow e se aventura pela primeira vez na literatura. “O livro é um jogo de verdadeiro ou falso inspirado na máxima de que a História é comumente contada pelos vencedores.”

Nosso historiador Diego Rogério representa o Rolé na mesa de debate do
lançamento do livro, no dia 18 de Setembro às 14h no Museu da República. A
atividade é gratuita e haverá venda do livro no local.

Agora é só Rolé!

Anteriormente chamado Rolé Carioca, o Rolé foi criado em 2012 com intuito de
contar histórias da cidade através de passeios guiados gratuitos, já tendo levado mais
de 20 mil pessoas pelas ruas do Rio em cerca de 60 roteiros. Ao longo de sua primeira
década, o projeto amadureceu e hoje está presente em múltiplas plataformas de
comunicação com conteúdos históricos, como os tradicionais passeios em vídeos,
banco de dados, mapas, museu virtual, entre outros.

O Rolé é uma realização do estúdio M’Baraká com apoio institucional da Secretaria
de Turismo da Cidade do Rio de Janeiro, copatrocínio do Operador Nacional do
Sistema Elétrico e patrocínio da First RH Group, Estácio, Prefeitura da Cidade do Rio
de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura – Via Lei Municipal de Incentivo à
Cultura (Lei do ISS) e Incentivo da Secretaria de Estado de Cultura e Economia
Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.

Serviço

Rolé – Bicentenário da Independência
Gratuito
Livre para todas as idades
Data: 24 de setembro de 2022
Horário: 10h
Endereço: Centro da Cidade
Ponto de encontro: CRAB – Praça Tiradentes 69.

Sobre o Rolé

O Rolé é um projeto cultural que pesquisa, cataloga e difunde conteúdo sobre o patrimônio
histórico e cultural do Rio de Janeiro. O Rolé, com mais de 40 mil seguidores nas redes
sociais, tem a missão de formar um acervo multiplataforma sobre a história, cultura e
memória da cidade, com ações que o apresentam em diferentes formatos, tais como
passeios guiados por mais de 50 roteiros, banco de dados com mais de 500 pontos mapeados,
canal de vídeos, site, jogo, aplicativo etc.
Criado em 2012 a partir de passeios presenciais por diferentes roteiros, contando histórias
sobre o Rio e seus personagens, o Rolé adaptou sua programação ao momento de pandemia,
para continuar a ouvir histórias de moradores e trazer reflexões sobre o espaço urbano, por
meio de ações como o museu virtual Mapa de Memórias, o webseminário Papo de Rolé e a
mostra de filmes CineCidades.
O projeto considera as dimensões sociais, culturais e naturais do Rio para construir
plataformas práticas de difusão da memória da cidade: uma memória social, histórica e
afetiva. Por sua metodologia e resultados, o Rolé Carioca foi um dos vencedores de 2019 do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, concedido pelo IPHAN a iniciativas de preservação e difusão do patrimônio histórico e cultural.

Sobre o estúdio M’Baraká (UM-BA-RA-KÁ)

Realizador e idealizador do projeto criado há 17 anos por Isabel Seixas e Diogo Rezende, o estúdio M’Baraká desenvolve projetos múltiplos com profissionais de diversos segmentos e se destaca por sua metodologia, que envolve criação, pesquisa, planejamento estratégico e direção de arte. Desde 2013, a economista Larissa Victorio faz parte da sociedade. Os projetos do grupo são únicos, focados na criação de experiências relevantes, que geram conhecimento e valor para seus públicos.

Site: www.mbaraka.com.br

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