Sim existe Guarani em São Paulo. Aliás, resiste. É impressionante a força dessa etnia que vive na maior Capital do país.
Duas aldeias, mais de 200 famílias e uma casa de reza. Onde a Cultura e as tradições são praticadas diariamente. As decisões políticas também são realizadas ali, assim como os batismos.
Foi ali que a etnia Guarani teve sua primeira mulher cacique, Jandira recebeu um documentário sobre sua história que pode ser visto no YouTube. Grandes lideranças como Sônia Barbosa e Davi Guarani fortalecem a resistência da Aldeia que possui uma escola bilíngue e as crianças têm a oportunidade de dar continuidade a sua história, cultura e ancestralidade.
Claro que as dificuldades são muitas e a política de meio ambiente caminha lenta. Mas os jovens Guaranis têm desenvolvido formas artísticas de divulgar sua cultura. Através de documentários, trabalhos artesanais, festivais, rádio e até uma banda de rap.
Oz Guarani foi criado por Jeferson Karaí Xondaro – MC Xondaro formou o grupo para mostrar as dificuldades dos jovens indígenas da etnia Guarani de São Paulo. Eles cantam na língua nativa, a palavra Xondaro significa guerreiro, os Xondaros tem uma dança de “luta” própria e enxergaram no rap uma ferramenta de luta e resistência da história.
São muitas as irregularidades e injustiças sofridas pelo povo Guarani desde que Portugal apareceu no mar. Mas é incrivelmente maravilhoso ver como a Cultura resiste e evolui. Jovens da Aldeia também criaram o coletivo cultural Salve Kebrada com a missão de “contar a nossa própria história, valorizando expressões artísticas e culturais do nosso próprio território.”
O Coletivo Cultural da Taipa/Jaraguá tem página nas redes sociais e gera conteúdo sobre sua cultura.
Mais e ai? Sabia que os Guaranis resistiam em São Paulo? Que eles atuam na política de meio ambiente, lutam pela preservação do parque do Jaraguá e ainda lançam rap em língua nativa?
O Oz Guaranis já fizeram diversos shows, são jovens lideranças da Aldeia, que viram através da música uma oportunidade de denunciar a dor e as injustiças ainda hoje causadas aos povos originários.
Em um país com 154 línguas indígenas faladas, merece que a população tenha mais conhecimento sobre essa cultura que também faz parte dela.
A história da resistência pode ser poética, mas ainda sangra.
Mas é certo que enquanto a cultura resiste, um povo existe. Pois saiba que existe GUARANI em São Paulo.
Aguyjevete!
Fernanda Magnani – Atriz, Professora de Teatro e Palestrante