O dia Internacional das mulheres (08/03) suscita uma série de reflexões sobre o universo feminino. Mas quero me atentar a um tipo de pressão social psicológica muito comum e falsamente inocente, que cobra e impõe regras em cada etapa da vida das mulheres. Por exemplo, podemos destacar a pressão que elas sofrem para se casar, e em seguida ter filhos. Proponho uma reflexão sobre os impactos psicológicos que essa pressão acarreta.
Somos educadas desde muito pequenas a seguir alguns princípios e modelos tradicionais. Desde a infância nos ensinam o valor da maternidade. As meninas vão crescendo com a ideia de que um dia terão que ser mães. Com a chegada da puberdade e suas alterações físicas, fica evidente que seu corpo está preparado para isso. Pelo menos, é o que se entende. E com o passar dos anos a pressão só aumenta. No final dos vinte e começo dos trinta anos, esse tema se torna cada vez mais presente na vida delas. Algumas aceitam tudo isso com naturalidade porque já planejaram quando e como querem ser mães; outras se sentem pressionadas porque ainda não decidiram viver a experiência da maternidade.
A sociedade acaba julgando essas mulheres, independente, de suas decisões. E o que é ser mãe? Qual o sentido da maternidade? Normalmente a maternidade acaba sendo associada ao espírito de generosidade que a mulher possuí. Mas se ela não deseja ser mãe, pode ser rotulada como egoísta. Sem levar em conta as características pessoais de cada mulher, que vão tomando suas decisões à medida que o tempo passa. É muito importante que seja respeitada a opinião e o desejo de cada uma, pois somos todos feitos de histórias, nem todos temos as mesmas ambições. E mais do que isso, o instinto materno não é tão instintivo, não é algo que aparece primitivamente como a necessidade de comer ou dormir. Ele é um amor conquistado, é a construção de afiliação com uma pessoa e o desejo de criar laços. A realidade mostra que, para ser mãe a mulher deve se sentir segura e não motivada pela pressão alheia.
O desejo por uma realização profissional; históricos familiares inconcebíveis em torno da maternidade, que levam essa mulher a não querer se arriscar em repetir situações desastrosas; ou problemas de saúde que a impeçam de engravidar; Seja qual for o motivo, é um assunto íntimo e pessoal; cada um tem a sua história. Não cabe julgamentos ou imposições. Casar e ser mãe não é uma obrigação.
Na verdade, o que vemos é que a pressão que as novas mães enfrentam não tem nada a ver com a cobrança sobre as mulheres que decidiram não ter filhos, porque não querem ou porque não podem, mas sim passa por um questionamento social constante e massacrante, que não leva em conta seus desejos e suas vontades. Aniquilando o querer desta mulher. Arrisco até a dizer, obrigando-a a ouvir o chamado maternal, sem respeitar a lei da vida que deixa claro que esse chamado faz parte da essência de cada alma feminina.
Portanto, cabe aqui, o respeito pelas opções de vida de cada mulher. Cada um sabe de si e sabe de seu momento. Nossa bagagem de vida, nossos sonhos, desejos, medos e angústias, falam por nós. Que ela se sinta em paz e comprometida com a sua decisão. E, desejando ou não desejando casar e ter um filho, deve ser respeitada em sua decisão e acolhida como todos os seres humanos devem ser.
Dra. Andréa Ladislau – Psicanalista
* Doutora em Psicanálise, Membro da Academia Fluminense de Letras – cadeira de número 15 de Ciências Sociais, Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde, Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social, Professora na Graduação em Psicanálise, Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói, Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo, Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites.