Montagem preserva o texto original na íntegra e provoca reflexões sobre maternidade, raça e memória
A companhia viCia dos Dramaturgos apresentou no Teatro Gonzaguinha o espetáculo “Quantos filhos Natalina teve?”, inspirado no conto homônimo de Conceição Evaristo, presente no livro Olhos d’Água. A temporada realizada no mês de outubro marcou o Rio de Janeiro.
Mantendo o texto integral da escritora como pulsação da cena, a montagem afirma a potência da palavra e da oralidade como centro da criação teatral. No palco, o elenco se reveza em diferentes papéis para narrar a trajetória de Natalina como menina, mulher e mãe. Em um rodízio sensível, atores e atrizes constroem junto ao público uma narrativa compartilhada, apoiada em signos cênicos mínimos — um chapéu, um xale, uma bengala — que ampliam a experiência estética.
Sem adaptações dramatúrgicas, a encenação preserva a escrita original de Conceição Evaristo, fazendo do teatro um espaço de eco para suas escrevivências. O espetáculo dá corpo e voz a experiências da mulher negra, entrelaçando vida e literatura e evidenciando temas como feminilidade, maternidade, violência de gênero, identidade e memória.
Com 45 minutos de apresentação seguidos de uma roda de conversa de 30 minutos, a proposta não se limita à cena: cria também um espaço de diálogo com o público, fortalecendo a formação de espectadores e ampliando debates sobre representatividade, gênero, raça e cultura periférica.
Voltado para jovens e adultos a partir de 14 anos, estudantes de teatro, literatura e artes, além de comunidades periféricas e negras, o espetáculo também dialoga com espectadores em geral que buscam o encontro entre literatura e cena contemporânea.
“Apresentar Quantos filhos Natalina teve? é afirmar a relevância de Conceição Evaristo, uma das vozes mais significativas da literatura afro-brasileira contemporânea. O espetáculo busca ampliar os espaços de representatividade no teatro, homenageando a autora e aproximando o público de uma literatura que nasce já impregnada de teatralidade”, destaca a equipe da companhia. Direção Adriana Maia, direção musical Zé Motta, produção Vitor Madrug, Nay Rezende , Hélio Amaral e Marina Isabel.
