Com o crescimento constante das redes sociais, a busca pela selfie perfeita e o uso exagerado de filtros para esconder qualquer pequena imperfeição pode revelar um grande problema: o transtorno dismórfico. Apesar de estranho, o termo se dá ao distúrbio na percepção da própria aparência, fazendo com que mínimos e imperceptíveis defeitos ganham destaque desproporcional na frente do espelho.
Muito difícil de identificar, a doença, considerada grave, é caracterizada pela preocupação exagerada com a aparência e se manifesta em um comportamento compulsivo, causando muito sofrimento para o paciente.
Estima-se que 15% das pessoas que buscam uma cirurgia plástica sofrem do transtorno. Segundo a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), em estágios considerados leves, intervenções na aparência podem servir como parte do tratamento, mas é fundamental que o procedimento seja feito por um profissional especializado para garantir o compromisso ético de realizar apenas intervenções adequadas a cada paciente.
A Dra Patricia Marques, cirurgiã plástica especialista em cirurgias de cabeça e pescoço e membro da SBCP, afirma que é fundamental estar atento ao comportamento de cada pessoa que adentra o consultório em busca de cirurgia. “Em casos de suspeita, temos que pedir ajuda a um colega psicólogo para diagnosticar e tratar a doença, se for o caso”, acrescenta.
Um estudo realizado pela Faculdade de Ciências Médicas da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), aponta que as pessoas que desenvolvem a doença em sua maioria são ansiosas, perfeccionistas, tristes, inseguras, com baixa autoestima, tem tendência à solidão, introspectivas e obsessivas.
Além disso, atualmente fatores externos também podem servir como gatilho para o transtorno, uma vez que o acesso constante a imagens com rostos e corpos perfeitos reforçam padrões irreais de beleza. “De forma equivocada, é atribuído à cirurgia plástica apenas o intuito de se adequar aos padrões, mas a cirurgia plástica é sobretudo, um compromisso com a própria autoestima. Só quem possui um incômodo físico sabe realmente o valor de poder fazer algo por si mesmo que substitua aquela sensação anterior, mas existe um limite saudável e o cirurgião plástico precisa estar atento para identificar qualquer insatisfação que ultrapasse esta linha”, completa.
Doutora Patricia Marques – CRM-SP 146410 é graduada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, com especialização em reconstrução de mama e cirurgia linfática no Hospital Santa Creu i Sant Pau em Barcelona, e complementação em cirurgia reparadora de mama, cabeça e pescoço no Hospital Memorial Sloan-Katering Câncer Center, em NY, EUA.
Site: www.drapatriciamarques.com.br
Instagram: @dra_patricia_marques