Primeira consulta ao dentista: adaptações e estratégias no consultório para acolher crianças com TEA

Pop Journal
4 min. leitura

Odontopediatra explica como ambientes planejados e estratégias específicas ajudam a reduzir a ansiedade e tornar o atendimento mais humanizado desde o primeiro contato

Receber crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no consultório odontológico exige um cuidado especial que vai muito além dos procedimentos clínicos. O ambiente pode ser decisivo para o sucesso ou fracasso do atendimento, já que muitas crianças atípicas apresentam alterações sensoriais que as tornam mais sensíveis a estímulos comuns no consultório.

Por isso, é fundamental que o espaço seja planejado para promover conforto, previsibilidade e segurança emocional, evitando gatilhos de ansiedade desde o primeiro momento.

Redução de estímulos sensoriais
“Acolher essas crianças começa antes mesmo do motorzinho ligar. O consultório precisa ser um ambiente confortável e não um gatilho de ansiedade”, explica a odontopediatra Dra. Alessandra da Silva Souza (@dentistasoprabaixinhos). Para isso, ela recomenda evitar luzes fortes, intermitentes ou barulhentas, como as lâmpadas fluorescentes que piscam, controlar ruídos de motores, telefone e conversas paralelas, além de eliminar odores fortes como desinfetantes e o famoso cheiro de dentista, que podem ser muito incômodos para os narizinhos sensíveis.

Ambiente visual organizado
A Dra. Alessandra explica que manter o consultório organizado visualmente é muito importante para crianças com TEA porque ambientes com muitos objetos ou cores muito vibrantes podem sobrecarregar os sentidos delas, causando desconforto ou ansiedade. Por isso, o ideal é um espaço mais calmo e simples visualmente.

Além disso, ela destaca o uso de recursos visuais, como o sistema PECS — que são imagens que ajudam a criança a entender e se comunicar. No consultório, essas imagens funcionam como uma espécie de “roteiro” visual que mostra passo a passo o que vai acontecer durante o atendimento. Assim, a criança consegue se preparar mentalmente para cada etapa, o que diminui o medo e facilita a adaptação ao tratamento.

Sala de espera adaptada
Sobre a sala de espera, a especialista diz: “Esse espaço deve ser silencioso e com iluminação suave, com brinquedos sensoriais e lúdicos que ajudem na regulação emocional. Evitar televisores com som alto ou excesso de estímulos visuais também é fundamental.”

Planejamento prévio individualizado
Para facilitar a adaptação, a Dra. Alessandra indica agendar consultas em horários mais tranquilos, com menos pessoas no consultório, além de permitir visitas prévias para que a criança conheça o ambiente e a equipe. “Enviar fotos ou vídeos do consultório antes da consulta é um recurso que ajuda muito na familiarização e diminui a ansiedade da criança.”

Preservar uma rotina estruturada
“Manter uma rotina fixa e previsível durante o atendimento é fundamental para crianças com TEA”, afirma a odontopediatra. Ela reforça a importância de usar linguagem clara e objetiva e de explicar cada passo do procedimento com antecedência, preferencialmente utilizando recursos visuais, como imagens e comunicação aumentativa.

Treinamento da equipe
Dra. Alessandra destaca ainda o papel de toda a equipe: “Desde a recepção até o final do atendimento, todos precisam estar sensibilizados e preparados para acolher a criança com respeito e empatia.” Para isso, a comunicação com os pais deve ser fluida, respeitosa e baseada na escuta ativa, fortalecendo o vínculo e garantindo uma experiência mais leve para toda a família.

Dra. Alessandra da Silva Souza | @dentistasoprabaixinhos
Especialista em Odontopediatria
Mestre em Odontopediatria
Doutoranda em Clínicas Odontológicas
Especialista em Neurociências
Pós-graduada em Pacientes com Necessidades Especiais
Habilitada em Sedação Inalatória e Medicamentosa
Capacitada em Ortopedia Funcional dos Maxilares
Coordenadora de 7 turmas em Odontopediatria: IOA Vila Olímpia, Jardins e Ribeirão Preto
Mais de 5.000 alunos certificados presencialmente com técnicas humanizadas e científicas
Mais de 13 anos de experiência clínica exclusiva de odontopediatria

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