“No momento em que a discussão sobre a preservação da paisagem natural brasileira alcança dimensão internacional, é fundamental apresentar essa temática em todo o seu potencial, colaborando para a elaboração de propostas que tenham por objetivo integrar de maneira harmônica o homem e o seu meio ambiente”, afirma Marcus Lontra, curador de “Os Seres do Mundo”.
A coletiva reúne artistas contemporâneos de diversos estados brasileiros, representados pela Dila Oliveira Galeria, de São Paulo: Alina Fonteneau, Claudio Cupertino, João di Souza, Lucas Elias, Raquel Saliba, Selma Parreira, Sérgio Helle, e Weimar.
Esculturas, pinturas e desenhos se articulam na construção de cenários povoados por surpresa e encantamento. Ocupando três salas no Centro Cultural Correios RJ, a partir do dia 11 de agosto, a maior parte dessas obras possui grandes dimensões e dialoga com a arquitetura do prédio em estilo eclético. Lontra propõe a criação de um caminho expositivo variado e surpreendente, apontando várias vertentes da arte contemporânea produzida no Brasil.
“Nossa galeria define suas ações profissionais como uma ferramenta de integração entre o mercado e as instituições culturais, colaborando para a divulgação cada vez mais necessária da obra de importantes artistas nacionais. A mostra ‘Os Seres do Mundo’ tem o objetivo de trazer ao público carioca a produção de talentos da arte contemporânea no Brasil”, afirma a galerista Dila Oliveira.
Sobre os artistas
Alina Fonteneau
Nasceu em Cuba e viveu em Porto Rico, Venezuela e nos EUA antes de se mudar para o Brasil. Amante e observadora da natureza, seu trabalho às vezes parece brotar não apenas de sua imaginação, mas da própria natureza. Referências a flores, conchas e vida do oceano abundam em seu mundo, um universo único de cor, formas e movimento, uma síntese do fantástico e do orgânico. As luas, as sementes, as estrelas, formas que se voltam e se abrem para o sol, ou que brilham do oceano ou do céu, encontram vida no infinito movimento em espiral da liberdade e criatividade lúdicas de Alina.
Obras em exposição: Calla Lilly 4; Garden of Eden II, 2020
Claudio Cupertino
Nasceu em Minas Gerais, em 1980. Hoje é radicado em São Paulo. Começou a sua carreira no ano de 2011, com pequenas impressões com pedras e esponjas, técnica que utiliza. Iniciou o processo de construção de sua identidade pictórica sobre papel e hoje pinta em tela, com a mesma poética. A cor passou a inundar as obras e sua paleta de tons faz parte determinante da sua identidade, seja em propostas com marcas contrastantes ou quase monocromáticas, onde a textura fala mais alto. Inquieto, Cupertino desenvolveu uma técnica própria a partir de estudos sobre os princípios básicos da litografia, após sua primeira Residência Artística em Athenas na Grécia no ano de 2012.
Obras em exposição: Tramas, 2021; Transparência, 2020 (da série Tramas em Reflexos)
João di Souza
Natural de Itabuna, Bahia, sua produção artística atual apresenta paisagens tropicais fantásticas em telas de grandes dimensões, com um convite para que o olhar se delongue, desvendando os meandros entre lúdico e erótico. A juventude do artista em meio ao rico bioma do interior baiano é resgatada através destes trabalhos, em que memória e imaginação se mesclam em composições de atmosferas calorosas e úmidas. Tais naturezas fantasiosas provocam múltiplas perspectivas, que instigam o deslumbramento pelo desconhecido. Pinturas de amplas medidas, maiores do que a vista compreende, são preenchidas por contornos, volumes e reentrâncias que sugerem corpos ocultos entre troncos e raízes, cores e formas. A sensualidade é latente sob as camadas de tinta a óleo, confluindo figura e fundo num fenômeno de constante descoberta. Di Souza aborda em sua produção a questão do tempo da observação, tão relevante à contemporaneidade. Apoiado em referenciais do realismo mágico e da desconstrução da forma, apresenta imagens que demandam uma entrega do espectador à experiência de ser e estar em relação à arte.
Obras em exposição: Salamandra, 2017; A Ilha, 2020
Lucas Elias
É graduando em Artes Visuais pela Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Vive e trabalha em Sombrio, Santa Catarina. Pesquisa por meio da pintura, do desenho e do bordado narrativas simbólicas sobre o processo pedagógico, questões ambientais através de uma visão afetiva e conceitos de nação. Foi selecionado para o programa de mobilidade acadêmica na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em Portugal (2020). Foi selecionado para o 46° Salão de Arte Ribeirão preto (2021) e para o 17º Salão Ubatuba de Artes Visuais (2021).
Obras em exposição: Cadeira de Praia, 2022; Avião, Renda de Bilros e Jabuticabeira, 2021; Garden of Eden II, 2020
Raquel Saliba
Nascida em Itaúna, Minas Gerais, é artista plástica graduada em Psicologia, com formação em Psicanálise. Após morar em diferentes países, voltou a residir no Brasil em 2016. Desde 2010, tem se dedicado exclusivamente à arte, em especial às suas esculturas cerâmicas.
Obras em exposição: A Máscara, 2012; Movimento, 2012
Selma Parreira
Nascida em Buriti Alegre, Goiás, atualmente vive e trabalha em Goiânia/GO. A artista iniciou sua carreira nos anos 80 com pintura, participou de vários salões de arte e mostras individuais e coletivas realizadas em várias capitais brasileiras e algumas no exterior. Selma é bacharel em Artes Visuais e possui pós- graduação em Arte e Cultura Visual pela Faculdade de Artes Visuais/UFG.
Obras em exposição: Um Corpo no Mar das Incertezas, 2021; Sem título, 2017
Sérgio Helle
Vive e trabalha em Fortaleza, Ceará. Desenvolve um trabalho em que mescla as mais novas ferramentas digitais com tradicionais técnicas de desenho e pintura. Com 34 anos de carreira, foi um dos primeiros artistas cearenses a utilizar o computador como ferramenta artística.
Obras em exposição: Série Resurgentis, 2020
Weimar
Nasceu, vive e trabalha em Ribeirão Preto, São Paulo. Desde 2010 tem a sua produção artística acompanhada por Josué Mattos. Nas décadas de 80 e 90 participou do ateliê de Pedro Manuel-Gismondi. Em 2019 foi premiada no 5º SAP – Salão de Aquarelas de Piracicaba, constando sua obra no acervo da Pinacoteca Municipal Miguel Dutra. Tem obras no acervo do MARCO (Campo Grande, 2016) e do MARP (Ribeirão Preto, 2014). Em 2014, participou do programa de Residência Artística na Casa do Sol (Instituto Hilda Hilst, Campinas). Foi premiada na mostra Artistas de Ribeirão (MARP, Ribeirão Preto, 2001) e no SARP – Salão de Arte de Ribeirão Preto (MARP, Ribeirão Preto, Prêmio Aquisição em 1984 e 1986).
Obras em exposição: Horizontes e Curvas, 2012; Vermelho, 1994
A exposição nas palavras do curador
A paisagem sempre foi a principal referência da identidade nacional, desde Franz Post e as suas primeiras imagens do continente americano representando a várzea pernambucana. Durante o século XIX, a paisagem é um instrumento da brasilidade e o modernismo dela se apropria registrando ao longo das décadas as mudanças de um país agrícola e rural para um país industrial e urbano. A mostra “Os Seres do Mundo” reúne um grupo de artistas contemporâneos que apresentam as várias realidades paisagísticas do Brasil de hoje. Ela é um painel sintético da capacidade criativa da arte e da diversidade étnica e cultural que formam a nação brasileira.
Marcus Lontra, julho de 2022.
Sobre Marcus Lontra
Marcus de Lontra Costa nasceu no Rio de Janeiro. Nos anos 70 morou em Paris onde conviveu e trabalhou com Oscar Niemeyer, então marido de sua mãe. Trabalhou com o casal na revista Módulo. Foi crítico de arte do Globo, Tribuna da Imprensa e Revista Isto é. Dirigiu a Escola de artes Visuais do Parque Lage onde realizou a histórica mostra “Como vais você Geração 80”. Foi Curador do Museu de Arte Moderna de Brasília e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Implantou e dirigiu o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães em Recife. Secretário de Cultura e Turismo do Município de Nova Iguaçu. Curador chefe do Prêmio CNI/SESI Marcantonio Vilaça. Atualmente coordena a implantação da Estação Cultural de Olímpia, SP.
Serviço:
“Os Seres do Mundo”
Curadoria: Marcus Lontra
Abertura: 11 de agosto, quinta-feira, das 18h às 21h
Visitação: de 12 de agosto a 24 de setembro de 2022
Centro Cultural Correios RJ
Galerias A, I e II – 2º andar
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro – RJ
Horário: de terça a sábado, das 12h às 19h
Entrada gratuita