Transformações marcam a passagem do discurso de inovação para entregas práticas no cuidado em saúde
São Paulo, Novembro de 2025 – O ano de 2025 consolidou uma mudança importante no setor de saúde digital no Brasil. Se nos anos anteriores o debate estava concentrado em projeções e promessas, este ano foi marcado pela materialização prática de soluções tecnológicas em hospitais, clínicas, operadoras e redes assistenciais.
A interoperabilidade entre sistemas começou a avançar; a Inteligência Artificial (IA) deixou de ser piloto e passou a apoiar decisões clínicas reais; modelos de cuidado longitudinal substituíram o acompanhamento episódico; prontuários eletrônicos passaram a operar como plataformas de coordenação; e a remuneração baseada em valor ganhou novas camadas de previsibilidade.
De acordo com André Bressan, médico, especialista em saúde digital e CMIO da rapha.health, 2025 foi o ponto de virada entre intenção e implementação:
“Durante muito tempo se falou de inovação em saúde de forma aspiracional. Agora estamos vendo uso prático, integrado e mensurável, com impacto direto em desfechos, acesso e eficiência. O digital deixou de ser promessa e se tornou infraestrutura de cuidado.”
A seguir, os cinco avanços que marcaram 2025, e como eles devem evoluir em 2026:
1. Interoperabilidade como realidade progressiva
Depois de anos de sistemas isolados, redes de saúde começaram a padronizar dados e integrar informações clínicas entre diferentes unidades e níveis de atenção. Isso reduziu retrabalho, aumentou segurança do paciente e ampliou visão contínua da jornada assistencial. Tendência para 2026: expansão da interoperabilidade para redes públicas regionais e integração com dispositivos de monitoramento domiciliar.
2. IA Clínica Aplicada: do piloto à rotina
A Inteligência Artificial passou a apoiar decisões médicas, especialmente em oncologia, cardiologia e doenças crônicas. Ferramentas de análise de imagem, estratificação de risco e detecção precoce mostraram capacidade de antecipar eventos e orientar condutas.“Não se trata de substituir médicos, mas de potencializar capacidade diagnóstica e reduzir variabilidade clínica”, afirma Bressan.
3. Cuidado Longitudinal e Monitoramento Remoto
O modelo centrado em consultas eventuais vem sendo substituído por acompanhamento contínuo, especialmente em doenças crônicas e pacientes vulneráveis.Monitoramento remoto, teleconsultas e canais assíncronos reduziram abandono de tratamento e melhoraram adesão terapêutica. Tendência para 2026: expansão do cuidado híbrido estruturado, combinando presencial + digital.
4. Prontuário Eletrônico como Plataforma (e não apenas registro)
O prontuário deixou de ser um repositório de dados e passou a ser orquestrador de fluxo clínico, conectando agendas, laudos, prescrições, gestão de risco e equipes multidisciplinares.Tendência para 2026: prontuários interoperáveis integrados a IA generativa para sumarização e apoio à consulta.
5. Remuneração por Valor com Mensuração Real de Desfechos
Modelos baseados em desfechos ganharam escala, sustentados por dados estruturados, indicadores clínicos padronizados e acordos de risco compartilhado.
“Quando conseguimos medir desfecho e custo de forma combinada, abrimos espaço para um sistema mais eficiente, justo e sustentável”, explica Bressan.
O que esperar de 2026
* Expansão de plataformas clínicas interoperáveis no SUS
• IA generativa integrada ao prontuário para sumarização e narrativa clínica
• Crescimento de programas de cuidado longitudinal e centros digitais de acompanhamento
• Consolidação de modelos de pagamento baseados em valor e desfechos
“A agenda de 2026 é sobre escala e democratização. Não basta provar que funciona, é preciso chegar a mais gente, em mais lugares, sem aumentar desigualdades de acesso”, conclui André Bressan.
Sobre André Bressan
Médico, fundador da AB Consult e CMIO da rapha.health, tem mais de 20 anos de experiência no setor de saúde, da prática clínica à indústria farmacêutica, passando por gestão hospitalar, auditorias e health tech. Especialista em Medical Affairs e Saúde Digital, combina experiência executiva, consultoria estratégica e docência para desenvolver soluções inovadoras e sustentáveis em saúde.
