Muitas pessoas, quando vai chegando essa época de fim de ano, desejam paz, saúde e que no próximo ano todos seus desejos se realizem. Fazem listas e listas de planos, mas o que algumas mais desejam é um amor de verdade. O que seria um amor de verdade? Daí, as meninas, mais chegadas nos filmes e livros românticos, começam a idealizar um romance, o homem ideal, o príncipe. E não pense você que hoje em dia não existe ainda a moça “bobinha-romântica” que acredita nos relacionamentos paradisíacos. Todas nós um dia acreditamos. E não tenho nada contra o romantismo, por exemplo, que foi um movimento literário e de ideias riquíssimo e contribuiu demais com a cultura no mundo inteiro, mas algumas coisas que ele trouxe também foram bem desastrosas.
Não vamos nos estender sobre o romantismo, apenas o usei como ilustração, de ideologias que subjazem, que estão por trás de situações vividas no cotidiano, bem como nossas atitudes inconscientes que é quando temos certeza de que decidimos algo por achar que praticamos decisões por livre e pronta escolha e que tudo é totalmente controlável.
Assim, meu desejo este ano para você de qualquer gênero, credo, etnia, faixa-etária é que você desenvolva um amor verdadeiro por você antes de tudo, por seu espaço, suas conquistas profissionais, por seu corpo e sua mente para que sejam saudáveis. Quando você souber sobre você e conhecer seu modo de agir, vai ficar mais fácil se relacionar com alguém e encontrar um amor a sua altura.
Que neste Natal você possa reconhecer o que perdeu e o que ganhou, e ver que em questões de amor não há uma regra exata para vivê-lo, pois, na verdade, tudo o que costumamos fazer quando dizemos estar amando é estar projetando no outro o nosso desejo enorme de ser amado, e isso é outra coisinha que nos foge ao controle por diversas razões.
Deixo aqui com vocês um poema de minha autoria para que possam refletir sobre como o amor pode ser e estar em nossas vidas, como ele pode ser complementar e oposto, como pode ser fluido e ao mesmo tempo estático, paradoxal.
É o mesmo amor…
É o mesmo Amor. Aquele que traz à vida e leva à morte. Aquele que dá e recebe, usufrui e oferece. Aquele que nos deixa eufóricos e extenua. Que ilumina e nos consome.
É o mesmo aquele amor que nos ensandece e em seguida apazigua. O do filho que parte e o do que fica. O do namoro que explode em alegria e irrompe em pranto. Aquele que habita em mim e por fora se esconde.
É o mesmo amor. O que permeia a chegada e permanece na partida. O que desfaz a tempestade e desmantela a calmaria. O do sim e o do não. Aquele que guia o barco à deriva e que iça âncora para libertá-lo do porto.
É o mesmo, exatamente o mesmo, aquele amor. O que nos expulsa e nos abriga. O que nos desanima e estimula. O que nos trai e é por nós traído. O que guardamos e o expomos. O que desabafamos e conservamos. O que estabelece o contato com outros planos e nos traz à Terra para O descobrir.
É o mesmo amor que me faz falar e me cala. Que me aponta a verdade e me dissuade dela. Que coabita em minhas frases e me escapa ao pensamento. Que me sugere a satisfação e dissimula. Que me faz enxergar o avesso da dor e sentir o frescor da primavera.
Janice Mansur é escritora, professora, revisora de tradução,
criadora de conteúdo e psicoterapeuta (atendendo online).
Canal do Youtube: BETTER & Happier Instagram: @janice_mansur