No ar desde o dia 21 de abril de 1971, o “Jornal Hoje” completa o seu cinquentenário nesta semana, e como 50 anos não se completa todos os dias, decidi fazer uma belíssima homenagem ao telejornal mais prestigiado da hora do almoço com algumas das coberturas mais marcantes de sua trajetória, que também será lembrada por aqui.
Caracterizado por trazer as principais notícias do Brasil e do mundo com agilidade e profissionalismo, o JH consegue desempenhar muito bem esse papel, sem deixar a leveza e a espontaneidade que se tornaram suas marcas registradas, além de ter sido responsável por diversas coberturas ao vivo de momentos marcantes no país e no mundo. Aliás, cinco décadas é um tempo com muitas histórias para contar. Com colunas de horóscopo, literatura, moda, entre outros quadros além das notícias, o noticiário foi criado com o objetivo primário de ser uma revista eletrônica para o público feminino para ser exibido no início da tarde, no horário do almoço.
Os anos foram se passando e o jornal foi se consolidando, assumindo novos formatos e passando por transformações marcantes. A partir da década de 80, o telejornal passou a assumir um perfil mais noticioso, investindo em notícias cada vez mais importantes e em “rondas nacionais” pelas praças para selecionar matérias para o terceiro bloco, dando destaque aos repórteres que eram exibidos. O cenário também foi se modernizando, acompanhando o aparato tecnológico da época.
A bancada também não ficou de fora dessa metamorfose. Por ela, já passaram 24 apresentadores, sendo atualmente composta por Maria Júlia Coutinho. Os jornalistas Luís Jatobá, Léo Batista e Márcia Mendes tiveram a honra de estrear o “Jornal Hoje” na tela da Rede Globo. Grandes nomes como Sônia Maria, William Bonner, Fátima Bernardes, Carlos Nascimento, Sandra Annenberg, Carla Vilhena, Evaristo Costa e Dony De Nuccio também já estiveram fazendo história no JH.
Consolidado, o “Jornal Hoje” foi palco de grandes coberturas com extrema importância para o Brasil e o mundo. Descubra os seis acontecimentos (um por década) mais marcantes da história do telejornal.
QUEDA DO ELEVADO PAULO DE FRONTIN:
Uma das primeiras coberturas do telejornal ocorreu no dia 20 de novembro de 1971, O desabamento do elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro, no dia 20 de novembro de 1971, ocupou lugar de destaque entre as coberturas do ano. Vinte mil toneladas de concreto caíram de três vãos do elevado sobre 48 pessoas, 20 carros, um ônibus e um caminhão que estavam parados em um sinal de trânsito.
As primeiras informações foram lidas pela então apresentadora Sônia Maria.
O 1° ROCK IN RIO:
O primeiro Rock in Rio, realizado de 11 a 20 de janeiro de 1985, ganhou uma cobertura especial do “Jornal Hoje”. O evento reuniu cerca de 1,5 milhão de pessoas em um terreno de 250 mil metros quadrados em Jacarepaguá, conhecido como Cidade do Rock. Ali foi construído um palco com 5 mil metros quadrados de área.
Grandes estrelas da música pop e do rock estiveram presentes, como os grupos internacionais Queen, Iron Maiden, AC/DC, Scorpions, Yes, The B-52’s, os cantores James Taylor, George Benson, Al Jarreau e Rod Stewart, os grupos nacionais Barão Vermelho, Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens, Os Paralamas do Sucesso, Blitz, além dos cantores Alceu Valença, Ney Matogrosso, Erasmo Carlos, Lobão, Gilberto Gil, Elba Ramalho e Lulu Santos, entre outros.
Não só os shows ganharam espaço de destaque no jornalismo da Globo, mas também o estilo de quem frequentou o evento e a moda roqueira foram pautas do “Jornal Hoje”.
A RIO-92:
De 3 a 14 de junho de 1992, representantes de 178 países filiados à ONU (Organização das Nações Unidas) desembarcaram no Rio de Janeiro para participar da Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. O governo brasileiro investiu quase 50 milhões de dólares na realização do evento, que tinha como objetivo definir políticas mundiais de proteção ambiental. As Forças Armadas foram acionadas para cuidar da segurança do Rio durante os 11 dias em que os olhos do mundo se voltaram para a cidade.
A Globo investiu na cobertura e criou uma editoria especial para o evento. No Riocentro, ao lado da jornalista Valéria Monteiro, Carlos Nascimento comandou os trabalhos direto de um estúdio montado no local, de onde apresentava ao vivo o “Jornal Hoje” e os outros telejornais da rede, incluindo o Jornal Nacional.
Paralelamente à Rio-92, foi realizado, no aterro do Flamengo, o Fórum Global, que reuniu cerca de 25 mil pessoas, entre integrantes de movimentos sociais e organizações não governamentais e membros da sociedade civil. Fátima Bernardes acompanhou o evento, que recebeu visitas de figuras ilustres, como o Dalai Lama. O chefe de estado do Tibete participou de uma cerimônia na manhã do dia 5, quando, com outros seis líderes espirituais, abençoou o fórum.
ATENTADOS DO DIA 11 DE SETEMBRO DE 2001:
O “Jornal Hoje” transmitiu, ao vivo, o atentado de 11 de setembro às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. No mesmo dia, o centro do poder militar norte-americano, o Pentágono, também foi atingido por um avião, e outra aeronave foi sequestrada e derrubada a 130 quilômetros ao sul de Pittsburgh, na Pensilvânia.
O primeiro plantão do Hoje entrou no ar às 9h52, sete minutos após o choque do primeiro avião a uma das torres do WTC. Naquele momento, as redes americanas diziam que era um acidente de avião e estavam tentando entender o que acontecia. Quando o segundo avião atingiu a outra torre, o Hoje começou a falar em atentado antes mesmo da CNN.
A transmissão ao vivo se estendeu até as 14h, com imagens das redes de televisão americanas, ancoradas dos estúdios de São Paulo por Carlos Nascimento e Ana Paula Padrão.
Os dois jornalistas não contaram com textos de apoio ou teleprompter. Amauri Soares, então diretor executivo da Central Globo de Jornalismo, comandou a transmissão de dentro do switcher, comunicando-se com os dois apresentadores por meio de pontos eletrônicos. Enquanto um deles narrava os acontecimentos, Amauri dizia ao outro quais imagens entrariam a seguir.
O plantão com a cobertura ao vivo do atentado seguiu até o início do “Jornal Hoje”, que abriu sua edição com imagens do sul da Ilha de Manhattan coberta de fumaça. Pedestres transtornados, feridos sendo atendidos nas ruas e as torres em chamas mostravam o panorama da tragédia.
Os correspondentes internacionais entraram ao vivo com informações diversas. Do escritório de Nova York, Zileide Silva confirmou a notícia, divulgada pelo FBI, de que quatro aviões haviam sido sequestrados. Heloísa Villela e Edney Silvestre, também de Nova York, mostravam o medo que pairava sobre os moradores da cidade em relação a novos ataques.
O Hoje mostrou ainda a repercussão do atentado no Brasil, com entradas ao vivo de Heraldo Pereira, de Brasília, e Graziela Azevedo, de São Paulo, que entrevistou o então Ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, condenando o episódio em nome do governo brasileiro. No estúdio, Maria Aparecida de Aquino, especialista em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, fez uma análise sobre o impacto dos acontecimentos no cenário mundial.
DESLIZAMENTO DA BARRAGEM DE BRUMADINHO:
Uma barragem da mineradora Vale – a Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão – se rompeu no dia 25 de janeiro de 2019, às 12h28, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia, inclusive um refeitório, e parte da comunidade da Vila Ferteco. As primeiras informações foram transmitidas quando o JH estava no ar. Logo após o telejornal terminar, Sandra Annenberg entrou ao vivo com boletins de atualização sobre o rompimento.
No dia 1 de fevereiro, às 14h58, Sandra Annenberg entrou ao vivo na programação da Globo, em um boletim do JH, para mostrar imagens inéditas do momento exato em que a barragem da Vale estourou em Brumadinho. As imagens a que a Globo teve acesso foram cedidas pela mineradora a autoridades que investigavam a tragédia.
Dois anos após o rompimento, ainda se contabilizavam prejuízos. A população vivia o luto pelas 270 vidas perdidas, e o Corpo de Bombeiros continuava a buscar 11 vítimas desaparecidas. Ao longo de dois anos, foram mais de 6 mil horas de trabalho de resgate, com quase 4 mil militares. Além disso, mais de três mil pessoas ainda sofriam as consequências da contaminação do Rio Paraopeba em São Joaquim de Bicas, Betim, Mário Campos e Juatuba.
PANDEMIA DA COVID-19:
Em janeiro de 2020, as autoridades chinesas anunciam que identificaram um novo coronavírus (CoV) em pacientes com uma nova pneumonia viral, na cidade de Wuhan. No dia 30, a Organização Mundial da Saúde declara emergência de saúde pública internacional. Em fevereiro, a doença é batizada de Covid-19 (Sars-Cov-2), e, aceleradamente, o vírus atravessa as fronteiras da China e se espalha pelo mundo. O Ministério da Saúde brasileiro confirma, em 26 de fevereiro de 2020, o 1º caso no país. No dia 11 de março de 2020, a OMS declara que o surto da nova doença se tornou uma pandemia.
Na prática, o termo pandemia se refere ao momento em que uma doença já está espalhada por diversos continentes com transmissão sustentada entre as pessoas. E os números de doentes e mortos se multiplicam. Era preciso respeitar o isolamento social e seguir as regras de higiene, além do uso constante de máscaras. Nem todos os países seguem os protocolos. Estados Unidos, Índia e Brasil passam a liderar o ranking de infectados e de óbitos. O colapso dos sistemas de saúde de todo o mundo leva a uma corrida pela vacina ou por uma medicação.
Em tempo recorde, em dezembro de 2020, o primeiro imunizante é aprovado no Reino Unido. Trata-se da vacina americana produzida pelas biofarmacêuticas Pfizer e BioNTech. Desde então, outros imunizantes foram sendo aprovados e aplicados na população. No Brasil, as primeiras vacinas liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial foram a Coronavac – desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o instituto Butantan – e a Astrazeneca/Oxford – com parceria firmada com a Fiocruz – no dia 17 de janeiro de 2021, quando foi imunizada a primeira brasileira em território nacional. Mas o caminho ainda é longo. Em meados de março de 2021, o mundo registrava mais de 120 milhões de casos e mais de 2,5 milhões de mortos. Pouco mais de 360 milhões de vacinados, de um total de oito bilhões de pessoas.
O JH acompanhou, assim como todo o Jornalismo da Globo, o impacto da doença no Brasil e no mundo, em termos sanitários, mas também políticos, econômicos e sociais. Em 23 de fevereiro, a Anvisa liberou o uso definitivo da Pfizer/Biontech em território nacional, permitindo seu uso amplo e sua comercialização. Às 10h44 do dia 12 de março de 2021, Maju entrou ao vivo em boletim do JH para anunciar que a Anvisa acabara de aprovar o uso definitivo da vacina da Oxford e liberar o medicamento Remdesivir para tratamento da Covid-19.
É evidente que destacamos algumas das coberturas mais marcantes de cada década, mas é claro que existem diversas outros acontecimentos que marcaram a história do JH, a fim de fazer com o público sinta-se parte da notícia, à exemplo das mortes de Tancredo Neves e Ayrton Senna, as Tragédias da Boate Kiss e do avião da Chapecoense e os anúncios da Copa e das Olimpíadas no Brasil. Além disso, o “Jornal Hoje” possui um papel fundamental como já dissemos acima, tanto que o Hoje permanece sempre presente em nossas vidas.
E você, se lembra de algum momento especial do “Jornal Hoje” nesses 50 anos?
Gabriel Ferreira – Estudante de Jornalismo
Nossa, muito bom! Parabéns ao autor, o Jornal Hoje fez parte da minha vida e ainda faz, lembro das entrevistas da Leda Nagle todo sábado e eram ótimas. Enfim, parabéns JH pelos seus 50 anos!
Grato pelo comentário, eu não peguei essa época, mas pude assistir alguns vídeos e realmente era bom demais! Como eu havia dito, o JH é o meu jornal preferido da Globo. Enfim, obrigado pelo feedback, volte sempre por aqui, tá? Um abraço!