Em meio a uma crise global de saúde mental, a presença dos animais de estimação se consolida como uma das formas mais eficazes de apoio emocional, trazendo benefícios não apenas para tutores, mas também oportunidades de reconhecimento e valorização para a medicina veterinária.
O tema é amplamente abordado por Raphael Clímaco, idealizador e principal figura por trás do primeiro MBA em Gestão, Inovação e Empreendedorismo voltado para a Área Veterinária no Brasil. Ele destaca que o papel dos animais no equilíbrio emocional humano vai muito além da convivência cotidiana — essa relação representa um elo profundo entre saúde, afeto e propósito, tanto para quem vive com um pet quanto para os profissionais que dedicam suas carreiras ao cuidado animal.

Vivemos uma era em que a saúde mental deixou de ser tabu e se tornou pauta urgente. A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 300 milhões de pessoas no mundo sofram de depressão, enquanto a ansiedade já figura como um dos transtornos mais diagnosticados em sociedades modernas. No Brasil, segundo dados da Fiocruz, cerca de 9,3% da população convive com a depressão, e aproximadamente 18 milhões de brasileiros sofrem de transtorno de ansiedade.
Diante desse cenário, os animais de estimação têm se mostrado aliados silenciosos, mas poderosos. Estudos recentes da American Psychiatric Association mostram que 86% dos tutores relatam melhora significativa na sensação de solidão e bem-estar após adotarem um pet. O simples ato de acariciar um cão ou um gato pode reduzir os níveis de cortisol — hormônio do estresse — e aumentar a liberação de serotonina e dopamina, neurotransmissores ligados ao prazer e à calma.
“Eles não julgam, não cobram, não impõem condições: oferecem companhia genuína, presença constante e afeto incondicional”, observa Clímaco.
É nesse ponto que a ciência encontra a prática. Pesquisas publicadas em veículos de prestígio, como Frontiers in Psychology, apontam que a convivência com animais pode reduzir sentimentos de isolamento, fortalecer rotinas de autocuidado e até melhorar a adesão a tratamentos de saúde mental. Para muitas pessoas, levantar da cama porque há um cão esperando pelo passeio ou um gato pedindo alimento é o primeiro passo de um dia mais estruturado.
Clímaco ressalta que esse impacto não se limita ao ambiente doméstico. “Clínicas veterinárias, hospitais e profissionais do setor pet podem se enxergar como agentes de transformação social”, afirma.
Campanhas de adoção responsável, projetos de terapia assistida por animais, palestras de conscientização e até iniciativas de bem-estar em ambientes corporativos são exemplos de ações que fortalecem os laços entre humanos e animais, mostrando o quanto essa relação pode transformar vidas.
Segundo o especialista, o futuro do cuidado com os animais passa por compreender que saúde animal e saúde humana são indissociáveis. A visão holística, já consolidada em áreas como a Medicina Veterinária do Coletivo e o conceito One Health, precisa ser incorporada à prática profissional.
“Quando entendemos que o latido de um cão ou o ronronar de um gato podem salvar vidas humanas, damos um salto de consciência”, reflete Clímaco. “Animais são pontes para o equilíbrio emocional e, quando bem cuidados, devolvem à sociedade um capital imensurável de afeto e resiliência.”
Que tutores encontrem em seus pets um motivo a mais para sorrir. Que veterinários reconheçam o impacto de sua prática para além do consultório. E que a sociedade, como um todo, perceba nos animais não apenas companheiros, mas aliados fundamentais no cuidado com a saúde mental e na construção de uma vida mais saudável e empática.