A neuropediatra Estéfani Ortiz (CRM-RS 40.870 e RQE 40.131) explica que o Transtorno de Comunicação Social (TCS), também conhecido como Transtorno Pragmático da Comunicação, é um problema de neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação verbal e não verbal em contextos sociais. As principais características incluem dificuldade em adaptar a comunicação ao contexto ou às necessidades da audiência (como falar de maneira diferente em uma conversa informal versus formal); problemas para entender e usar regras sociais da linguagem, como turnos de fala, respeitar a proximidade física ou interpretar tons de voz e expressões faciais; dificuldade em fazer inferências ou interpretar pistas não ditas em uma conversa e falta de habilidade em iniciar, manter ou encerrar conversas de maneira adequada.
Segundo a médica, o diagnóstico é realizado por um profissional de saúde mental, como neuropediatra ou psiquiatra, com base em uma avaliação clínica detalhada. O processo geralmente envolve observação direta das habilidades de comunicação da criança em diferentes contextos; aplicação de questionários ou escalas de avaliação preenchidos por pais, professores ou cuidadores; entrevistas clínicas com os pais para discutir o histórico de desenvolvimento da criança; exames para descartar outros transtornos, como o TEA, TDAH ou transtornos específicos de linguagem. “É importante que o diagnóstico seja feito por uma equipe multidisciplinar para garantir que todas as áreas de desenvolvimento da criança sejam avaliadas”, aponta.
Dra. Estefáni Ortiz – Foto divulgação
A especialista lembra que o TCS pode ser confundido com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) porque ambos envolvem dificuldades de comunicação social. No entanto, enquanto o TEA também inclui comportamentos repetitivos, interesses restritos e déficits na reciprocidade social (como dificuldades em entender ou expressar emoções), o TCS está mais focado apenas nas dificuldades de linguagem e comunicação social, sem os comportamentos repetitivos ou interesses restritos.
Tratamento
Terapia fonoaudiológica: ajuda a criança a desenvolver habilidades de comunicação apropriadas para diferentes contextos sociais, trabalhando nas áreas de conversação, interpretação de sinais sociais e adaptação da linguagem ao contexto.
Treinamento de habilidades sociais: ensina a criança a se engajar em interações sociais, compreender regras sociais e interpretar pistas não verbais.
Terapia comportamental: em alguns casos, pode ser usada para auxiliar a criança a adaptar comportamentos e melhorar a comunicação pragmática.
Intervenção familiar: orientação aos pais para ajudar a criança a desenvolver suas habilidades de comunicação no ambiente doméstico e social.
Recomendações aos pais
Estéfani reforça que os pais devem sempre buscar apoio e informações com profissionais especializados, que adaptem as intervenções às necessidades específicas do seu filho. Além disso, ela indica:
Processo terapêutico: participe das sessões de terapia e siga as orientações do terapeuta para reforçar as habilidades de comunicação em casa.
Promover interações sociais: incentivar a criança a participar de atividades sociais e praticar suas habilidades de comunicação em ambientes variados.
Manter uma rotina previsível: auxiliar a criança a lidar melhor com as interações sociais ao reduzir a ansiedade associada à comunicação em novos contextos.
Seja paciente e encorajador: o desenvolvimento da comunicação social pode ser desafiador, então é importante reconhecer o progresso da criança e reforçar seus esforços positivamente.