O Cemitério do Caju, na zona portuária do Rio de Janeiro, tem 441 mil metros quadrados. O espaço é tão grande que dentro dele cabem três estádios do Maracanã, cuja extensão é de 147 mil metros quadrados.
O cemitério é, na verdade, uma necrópole. Dentro do complexo estão o Cemitério de São Francisco Xavier, o Cemitério Comunal Israelita do Caju, o Cemitério da Ordem Terceira do Carmo e o Cemitério da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência.
Em relação ao tamanho, o Cemitério do Caju fica atrás apenas do Cemitério da Vila Formosa, em São Paulo, no ranking de maiores cemitérios do Brasil. A necrópole paulista tem cerca de 763 mil metros quadrados.
Origens do Cemitério do Caju
Em 1839, o Cemitério do Caju, localizado perto da Praia de São Cristóvão por decisão da Santa Casa de Misericórdia, era chamado de Campo Santo da Misericórdia. Antes do aterramento atual ser construído, era ali que os escravos da região eram enterrados.
Isso se estendeu até 1851, quando um decreto do dia 16 de outubro declarou a fundação dos cemitérios públicos São Francisco de Xavier e São João Batista. O enterro de uma criança, chamada Vitória, filha de escravos, marcou o fim dos sepultamentos de escravos no local, no dia 18 daquele mesmo mês.
O último enterro do Campo Santo da Misericórdia aconteceu poucos meses depois, no final do ano. O corpo de um africano livre (não identificado) foi sepultado, marcando o 2218º sepultamento do antigo cemitério.
Para que o terreno pudesse se tornar um cemitério público, vários imóveis vizinhos tiveram que ser adquiridos, com o objetivo de estender sua superfície.
Devido à área pantanosa por causa da proximidade com a Baía de Guanabara, também foram necessários aterros e aplainamento para corrigir o solo. Até mesmo um morro, que ficava no lado norte da necrópole, precisou ser removido.
Antes da construção do Cemitério Comunal Israelita do Caju, em 1955, judeus e protestantes foram enterrados em uma área chamada de Quadra dos Acatólicos, localizada no extremo sudeste da necrópole. Em 1975, junto à entrada do local, foi inaugurado um monumento memorial às vítimas do Holocausto.
Características principais
Além do tamanho impressionante, o Cemitério São Francisco Xavier tem outras características marcantes.
Uma delas são as sepulturas imponentes, típicas de cemitérios do século passado ou retrasado. Desde sua inauguração, sempre foram vendidas sepulturas temporárias (prazo de sete anos), mas as famílias mais ricas conseguiam comprar túmulos, mausoléus e capelas perpétuas.
O pavilhão de granito, seguindo o estilo pórtico, muito comum na Grécia, também chama atenção. O projeto foi desenhado pelo engenheiro João Maria Jacinto Rebelo. As alterações do arquiteto Francisco Joaquim Béthencourt da Silva trouxeram a grandiosidade vista até os dias atuais.
Personalidades importantes enterradas no Cemitério do Caju
No começo, grande parte dos falecidos enterrados no cemitério era de moradores da zona norte da cidade. Mas devido à curta distância até o bairro de São Cristóvão, muitas personalidades imperiais foram sepultadas no Caju a partir da metade do século XIX.
José Maria da Silva Paranhos (Visconde do Rio Branco), Belarmino Ricardo de Siqueira (Barão de São Gonçalo), Manuel Antônio da Fonseca Costa (Marquês da Gávea), João Pereira Darrigue de Faro (Visconde do Rio Bonito) e Maria Jacinta Barbosa (Baronesa de Meneses) são apenas alguns nomes dessa época.
Celebridades do século XX e XXI também foram enterradas na necrópole. No Cemitério Comunal Israelita, o ator e radialista Gilberto Marmorosch, conhecido por ter participado de vários programas de rádio, exibições de humor, séries e novelas, foi sepultado em janeiro de 2019.
Apesar de suas origens judias, Clarice Lispector nunca quis ser conhecida como uma escritora judia e nem se juntar à comunidade judaica no Brasil. Mesmo assim, foi enterrada no Caju em 1977, também no Cemitério Comunal Israelita.
Da mesma forma, Cemitério do Caju conta com outras personalidades ilustres dos últimos anos. Dentre os mais recentes e notáveis estão a vereadora e ativista Marielle Franco, a cantora gospel Ludmila Ferber, Claudinho da dupla com Buchecha, a atriz Mara Manzan e o ator José Wilker.
Cemitério do Caju atualmente
Hoje em dia, o Cemitério do Caju funciona como qualquer outro. A demanda, no entanto, pode ser considerada acima da média, já que o espaço é tão grande quanto o maior estádio de futebol do país multiplicado por três.
Como funerais, cremações, planos funerários e serviço 24 horas, a movimentação de pessoas dizendo adeus a seus entes queridos é bem grande.
Embora existam casas funerárias que atendem o Cemitério do Caju e tenham pacotes com ornamentação, a melhor opção para convidados que querem homenagear os falecidos é encontrar coroas de flores no Rio de Janeiro de lojas especializadas, já que os itens inclusos são limitados e acrescentar algo a mais pode não ser muito vantajoso.
Muitas dessas lojas funcionam on-line e não contam com atendimento e entregas até mesmo de madrugada, o que facilita a compra.