A atemporalidade de seus pensamentos
aflorava de seu âmago
E ela ressurgia das cinzas qual fênix
Uma luz brilhava ao fim de suas reflexões mais frescas
Ares de campina e relva luziam por seus olhos
e traziam a lembrança dele a seu lado
O desejo era a tônica do dia
O toque suave das mãos a resvalar por seus ombros
A troca de carícias que se faziam sentir pelos cabelos
A expressão máxima do que é simples
escorria em lágrimas de felicidade
E ela só assim pode realizar sua ida
o luto do ente amado
O luto é uma coisa difícil de se realizar. Sou espiritualista, mas nunca lidei bem com isso.
Todas as vezes que me deparei com a morte, com a despedida, com o que se tem de deixar ir, me dei mal. Pelo meu ponto de vista, deveríamos ser ensinados a ver morrer, educados a ver partir. A sentir que a decomposição existe e faz parte da vida.
Negar o óbvio é fugir… e eu sempre fugi disso. Nas 4 perdas maiores de minha vida, avô, avó, pai e mãe, todos os armários e gaveteiros eram esvaziados para que com eles eu pudesse me reorganizar e me esvaziar também.
Esse texto foi inspirado numa idosa cujo caso de depressão ocorreu por não saber fazer o luto do marido. Em terapia, conseguiu. Acho que também consegui fazer aqui por ela.
Desejo do fundo de meu coração que você possa fazer o seu luto, nesses tempos tão difíceis.
Beeeiju no coração e na alma.
Janice Mansur é escritora, poeta premiada, professora, revisora de tradução e criadora de conteúdo.
Visite a autora também no site do Jornal Notícias em Português (Londres) e na Academia Niteroiense de Letras.
Canal do Youtube: BETTER & Happier
Instagram: @janice_mansur